E enfim terminamos de
descascar esse abacaxi gigante que é a trilogia O Hobbit. O
retorno de Peter Jackson à Terra-Média, pelo qual tantos clamaram depois de o
sujeito ter sido tão bem-sucedido na realização de O Senhor dos Anéis,
se mostrou um grande erro. Pediram o diretor da trilogia do anel e ganharam o
sujeito que fez Um Olhar do Paraíso. Megalomaníaco e
autoindulgente, Jackson cometeu erros parecidos com os de George Lucas na
segunda trilogia Star Wars: irritou fãs, maltratou o bom
gosto cinematográfico e, sobretudo, desconstruiu o próprio mito. Ninguém, em sã
consciência, dirá agora que só ele é capaz de dar vida ao mundo de Tolkien no
cinema.
A Batalha dos
Cinco Exércitos, que encerra essa malfadada trilogia, comete o mesmo
erro dos dois filmes anteriores de se alongar muito mais do que deveria. No
entanto, se em Uma Jornada Inesperada e A Desolaçãode Smaug grande parte do que acontecia na tela soava como mera
enrolação de Jackson, esse novo filme é praticamente todo constituído por uma
imensa batalha entre os tais exércitos do título. São duas horas e meia de
elfos, anões, orcs e homens se matando... Haja fôlego e paciência para esse
aguentar esse clímax eterno! Nesse sentido, lembra Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2, igualmente prejudicado por funcionar
basicamente como uma conclusão movimentada do que havia sido construído no
filme anterior. Mas se lá nos preocupávamos com os jovens bruxos de Hogwarts,
aqui não damos a mínima para Thorin e seus 12 companheiros até agora indiferenciáveis,
para Tauriel, Legolas, Bard, o que torna A Batalha dos Cinco
Exércitos ainda mais enfadonho.
Não que não existam bons momentos no filme. Eles estão lá principalmente
quando Bilbo ocupa o centro da trama. É que o hobbit vivido por Martin Freeman
representa o tom menor, de aventura inocente que o livro de Tolkien possui e
que Jackson equivocadamente trocou pela grandiosidade épica que deveria ligar
as duas trilogias. Aliás, esse é provavelmente o maior erro de O
Hobbit. Bastavam três horas de uma narrativa com atmosfera de
Os Goonies para contar essa história decentemente. Como
seria bom ter um Richard Donner na direção desse projeto...
The Hobbit: The Battle of the Five Armies, 2014
Peter Jackson
2 comentários:
Poderia ser melhor, mas confesso ter apreço por essa trilogia.
Brenno, nutro algum carinho por esse universo, sobretudo por causa da trilogia O Senhor dos Anéis. Queria muito que O Hobbit fosse tão bom quanto. De qualquer forma, gosto consideravelmente do primeiro filme dessa nova trilogia.
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