segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

[alguns comentários sobre o oscar 2011: surgiu um novo favorito?]




"A Rede Social, o excelente filme de David Fincher sobre os criadores do Facebook, só não sai do Kodak Theater com as estatuetas de filme e direção se um imenso desastre acontecer, mesmo tendo sido indicado a "apenas" 8 Oscars. (...) A Rede Social ganhou quase todos os prêmios das associações de críticos e levou também o Globo de Ouro em 4 categorias (Filme - Drama, Direção, Roteiro e Trilha Sonora). E deverá também sagrar-se vencedor nas premiações dos sindicatos, os verdadeiros termômetros para o Oscar." 
Essas são palavras minhas, em texto publicado no blog na última terça-feira, após o anúncio dos indicados ao Oscar 2011. Pois, em poucos dias, tudo parece ter mudado. O favoritismo absoluto do filme de David Fincher (que cada vez cresce mais na minha memória como uma das obras mais importantes dos últimos anos), aparentemente inabalável, sofreu 3 duros golpes na última semana. Os tais prêmios dos sindicatos, que anunciei como praticamente certos para A Rede Social, foram parar nas mãos de seu maior concorrente, O Discurso do Rei, de Tom Hooper. O PGA (Associação de Produtores), o DGA (associação de diretores) e SAG (sindicato dos atores) consagraram o filme britânico ao longo da semana, e deram nova cara à corrida pelo Oscar esse ano - na verdade, o Producers Guild of America havia anunciado seus vencedores no domingo (23/01), dois dias antes dos indicados da Academia serem revelados. Como afirmei no post do dia 25, os prêmios dos sindicatos são os verdadeiros "termômetros" do Oscar - já que, basicamente, possuem os mesmos votantes. 
Agora, há uma séria possibilidade de a Academia premiar o filme de Hooper com as estatuetas de filme e direção (além das já garantidas: ator e roteiro original, e talvez mais algumas técnicas), e romper com um movimento que até então parecia irresistível: a consagração daquele que é mesmo o "filme do ano", o simples mas poderoso retrato de uma geração construído por David Fincher. Por um lado, isso é ruim, obviamente, já que A Rede Social é merecedor de todos os prêmios que vem recebendo, e coroar-lhe com o Oscar confirmaria o momento mais "antenado" vivido pela Academia, que vem premiando nos últimos anos filmes mais contemporâneos, que discutem questões (grandes ou pequenas, políticas e/ou humanas) de nosso tempo (Guerra ao Terror, Quem Quer Ser um Milionário?, Onde os Fracos Não Têm Vez, Os Infiltrados, Crash, Menina de Ouro... como afirmou o colega blogueiro Chico Fíreman, o estereótipo "filme de Oscar" vem passando por uma mutação). Por outro lado, para quem sempre reclama da previsibilidade das cerimônias do Oscar, a edição de 2011 ganhou um novo ingrediente: haverá, como no ano passado (Guerra ao Terror vs. Avatar), um duelo aberto entre dois filmes, dois possíveis vencedores, e o suspense estará garantido até o fim da noite de 27 de fevereiro. Organizem suas torcidas. 

sábado, 29 de janeiro de 2011

[um lugar qualquer]

Um Lugar Qualquer
Somewhere, 2010
Sofia Coppola


Talvez Maria Antonieta seja a grande obra-prima de Sofia Coppola e, consequentemente, um dos filmes mais subestimados do cinema recente. No entanto, devido ao enorme fracasso de crítica e público que representou, é difícil não enxergar esse Um Lugar Qualquer como uma tentativa da diretora de retornar ao seu mundo conhecido, de pisar em terreno seguro, ao realizar um filme pequeno, contemporâneo, intimista, e que guarda inúmeras semelhanças com sua obra mais celebrada, Encontros e Desencontros (outra obra-prima, por sinal). Há mesmo cenas em Um Lugar Qualquer que remetem diretamente ao inesquecível filme protagonizado por Bill Murray e Scarlett Johansson.
Ficar na sombra de uma obra como Encontros e Desencontros não é algo exatamente ruim, mas seria de se imaginar certa vida própria de um filme vencedor do Festival de Veneza, certo? Felizmente, Um Lugar Qualquer a tem. Não demora muito para a delicadeza da abordagem de Coppola inundar a tela, tendo como trunfo a contagiante Elle Fanning. Elemento de transformação na vida de conforto e tédio do personagem de Stephen Dorff, a figura de Fanning não chega buscando grandes rupturas, não enuncia seu incômodo com algumas posturas do pai - ela simplesmente chega, e a força de sua presença se torna realmente sentida quando da sua ausência. Sofia Coppola não trabalha com catarses, com grandes momentos de externação de emoções. Sua narrativa é construída sobre os mínimos gestos de seus personagens, em longos planos silenciosos onde poucas palavras são ditas, e é nesse espaço do mínimo, quase imperceptível, que ocorrem as mudanças. Reside aí a grande beleza do seu cinema. É verdade que em sua cena final Um Lugar Qualquer abre um certo espaço para uma mudança mais explícita, mais catártica. O que acaba soando muito mais como uma espécie de licença poética por parte de Sofia Coppola do que como rendição a um lugar-comum - a cena é belíssima, de qualquer forma, como todo o filme.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Cisne Negro



Cisne Negro guarda lá suas semelhanças com o filme imediatamente anterior de Darren Aronofsky, o maravilhoso O Lutador. Ambos tratam de pessoas que sacrificam seus corpos, sua saúde, para dedicar-se a uma forma de "arte", ainda que, aparentemente, extremos opostos: a grosseira luta livre de um lado, o balé sublime de outro. No entanto, se olharmos atentamente, Cisne Negro está bem mais próximo de outras obras do diretor, como Pi e Réquiem para um Sonho, por ter como protagonista alguém que acaba consumido por sua própria obsessão - a trajetória de Nina Sayers é tão perturbadora quanto a da Sara Goldfarb vivida por Ellen Burstyn em Réquiem para um Sonho, por exemplo.

É nesta capacidade de causar incômodo, de mexer com os nervos do espectador que reside uma das grandes forças de Cisne Negro. É difícil permanecer impassível diante do filme, com o mergulho sem concessões de Aronofsky nas alucinações de sua protagonista. A entrega de Natalie Portman ao papel que desempenha também é fascinante. Sentimos dor e aflição juntamente com a personagem, e, sobretudo, pena diante de sua jornada. É uma atuação estupenda, das pequenas cenas íntimas às grandiosas (e belissimamente filmadas) sequências de balé.

Obra-prima sobre o processo de auto-destruição de uma artista, Cisne Negro parece uma releitura de Repulsa ao Sexo com alguns toques de A Mosca - sem perder as rimas narrativas/temáticas com a filmografia de seu próprio diretor, como já comentei. É perturbador como o primeiro e bizarro como o segundo. E, como ambos, difícil de esquecer. Roman Polanski e David Cronenberg. Darren Aronofsky está em ótima companhia.


Cisne Negro 
Black Swan, 2010
Darren Aronofsky

terça-feira, 25 de janeiro de 2011


[oscar 2011: algumas considerações sobre os indicados]



É sempre difícil comentar as indicações ao Oscar no momento em que são anunciadas, já que, geralmente, quando isso ocorre boa parte dos indicados sequer foram lançados nos cinemas brasileiros. Esse ano, dos 10 concorrentes na categoria principal, assisti metade. Mas, como bom "oscarmaníaco" que sou, vou deixar aqui alguns humildes comentários.
Para começar, não necessariamente possuir o maior número de indicações torna um filme o grande favorito do ano. Em 2009, por exemplo, O Curioso Caso de Benjamin Button foi lembrado em 13 categorias, mas saiu derrotado por Quem Quer Ser um Milionário?, indicado a 10 estatuetas (e vencedor de 8).
Na verdade, o raciocínio é bem simples: filmes épicos, de época, ou com grandes realizações técnicas, tendem naturalmente a receber um número maior de indicações. No Oscar 2011, isso não foi diferente: O Discurso do Rei, um drama de época, entra na disputa em 12 categorias, o western Bravura Indômita, em 10. No entanto, o verdadeiro favorito aos principais prêmios da noite não é nenhum destes dois filmes. Curioso, não? A Rede Social, o excelente filme de David Fincher sobre os criadores do Facebook, só não sai do Kodak Theater com as estatuetas de filme e direção se um imenso desastre acontecer, mesmo tendo sido indicado a "apenas" 8 Oscars.
Fincher deu vida a uma obra pequena mas de grande valor. Um verborrágico mas classudo retrato de uma geração, um filme simples, bem escrito, dirigido e interpretado. A Rede Social ganhou quase todos os prêmios das associações de críticos e levou também o Globo de Ouro em 4 categorias (Filme - Drama, Direção, Roteiro e Trilha Sonora). E deverá também sagrar-se vencedor nas premiações dos sindicatos, os verdadeiros termômetros para o Oscar.
A única baixa do filme nas indicações anunciadas hoje foi o esquecimento do magnífico Andrew Garfield (o novo Homem-Aranha) na categoria ator coadjuvante. Seu desempenho comovente em A Rede Social merecia ser mais valorizado. Já O Discurso do Rei, recordista de indicações, deverá sair apenas com o Oscar de melhor ator (Colin Firth) entre as categorias mais importantes, e provavelmente com um ou outro prêmio técnico. No melhor dos cenários, pode-se premiar ainda Helena Bonhan Carter, como atriz coadjuvante, mas ela terá um páreo duro contra a vencedora do Globo de Ouro Melissa Leo (O Vencedor).


Outro filme muito badalado e que recebeu grande número de indicações (8) é o controverso A Origem, de Christopher Nolan. Adorado e odiado por cinéfilos em iguais proporções, o exercício instigante do diretor dos últimos filmes do Batman é um trabalho excelente, a meu ver, mas longe de ser a obra-prima que muitos pintam por aí. Nolan, por sinal, acabou sendo a grande surpresa do Oscar 2011, sendo esquecido na categoria melhor diretor, indicação que era dada como praticamente certa. Apesar de, volto a repetir, adorar o filme, o comportamento irritante dos fãs xiitas de A Origem - e mesmo a pretensão excessiva que a própria obra possui - me fizeram ficar um pouco satisfeito com o esquecimento de Nolan. Até porque sua vaga foi "roubada" pelos irmãos Coen, em quem sempre confio.
Há muito ainda a ser comentado sobre essas indicações. A disputa acirrada em melhor atriz (a excelente Natalie Portman, impressionante em Cisne Negro e suposta favorita, ou a veterana e sempre preterida Annette Bening, também ótima em Minhas Mães e Meu Pai?), a sempre enigmática categoria filme estrangeiro (Biutiful, fortalecido pela lembrança de Javier Bardem como melhor ator, e Em Um Mundo Melhor parecem sair na frente, mas aqui nunca é possível prever com grande certeza e surpresas costumam acontecer), a decepção com as poucas chances de consagração absoluta do verdadeiro "filme do ano", Toy Story 3 (que deverá ganhar apenas melhor animação e, talvez, canção original), o esquecimento completo do excelente O Escritor Fantasma, de Roman Polanski. Entretanto, encerro esse texto celebrando a indicação do documentário Lixo Extraordinário na categoria que lhe compete. Filme magnífico, um dos mais emocionantes de 2010, ele será o representante do Brasil no Oscar esse ano. Tudo bem que a diretora é uma inglesa, mas Lixo Extraordinário se passa quase inteiramente no Brasil, é praticamente todo falado em português e tem brasileiros como protagonistas. É difícil não sentir uma pontinha de orgulho.

sábado, 22 de janeiro de 2011


[scott pilgrim contra o mundo]

Scott Pilgrim Contra o Mundo
Scott Pilgrim Vs. The World, 2010
Edgar Wright


Um filme que mistura linguagem de HQ's (sendo inclusive inspirado em uma) com elementos de videogame (uma fonte de inspiração não muito frutífera, ao menos em matéria de qualidade, para o cinema), e que conta com trilha indie rock e Michael Cera como protagonista tinha tudo para se tornar a maior bobagem pseudo-cool dos últimos anos. Então por que Scott Pilgrim Contra o Mundo é exatamente o oposto disso? Me parece que o grande mérito do filme do diretor inglês Edgar Wright (do hilário Todo Mundo Quase Morto) está em conseguir se utilizar destas diferentes linguagens para contar uma ótima história que é, no fim das contas, cinema de alta qualidade. Os games e os quadrinhos estão presentes durante toda a narrativa de Scott Pilgrim Contra o Mundo, mas sempre à serviço do cinema. Daí não tem como dar errado. O humor britânico de Wright se adapta perfeitamente ao tom acelerado-pop-sarcástico-doce do filme, e simplesmente todas as piadas funcionam. E o elenco inspirado (especialmente Cera, a linda Mary Elizabeth Winstead e o impagável Kieran Culkin) deixa tudo ainda mais agradável de assistir. O resultado é um filme que provoca gargalhadas aos montes, mas que também deixa aquele irresistível sorriso no rosto após seu término. Scott Pilgrim Contra o Mundo, de possível bobagem, se tornou, de longe, o filme mais cool do ano (passado).

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Carlos



Talvez seja preciso ter um mínimo interesse pelo contexto político dos anos 70 para viver de forma plena a intensidade da experiência que é assistir Carlos. Isso porque, com suas 5h30 de duração, o filme de Olivier Assayas poderia facilmente tornar-se enfadonho para quem não é familiarizado com o assunto, com seu sem número de personagens, organizações políticas e respectivas siglas. Por ser um apaixonado por tal período e nutrir grande interesse pelos meandros da política não-institucional de então (leia-se: organizações da esquerda armada), me encantei totalmente com o trabalho realizado por Assayas.

Mas mesmo para o mais completo leigo em política da década de 1970, Carlos pode se tornar interessante, graças principalmente ao seu protagonista e à capacidade de Assayas em manter a narrativa sempre em alto nível, poucas vezes deixando seu ritmo cair - algo absolutamente espantoso para um filme tão longo. É impressionante, por exemplo, como o diretor filma a sequência do sequestro dos ministros da OPEP, ação pela qual Carlos ficou internacionalmente famoso. Do cuidadoso planejamento, escolha dos participantes, à execução do sequestro, toda a sequência toma quase 1 hora do filme, mas é conduzida com tamanho cuidado por Assayas - que cria uma atmosfera de tensão crescente que absorve totalmente a atenção do espectador, sem ter de, para isso, apelar para câmeras tremendo ou cortes rápidos - que, quando chega ao fim, a sensação é de que apenas uns 10 minutos se passaram.

Quanto ao protagonista, Carlos, o Chacal, terrorista internacional, militante de esquerda, mercenário, é uma figura suficientemente interessante para carregar, por si só, qualquer longa. No entanto, a forma como o personagem é construído aqui, sem nenhum julgamento moral explícito ou glamourização a priori, torna-o uma das figuras criminosas mais interessantes da história do cinema. Admirar ou detestar o verdadeiro Carlos é, antes de qualquer coisa, uma questão de posicionamento político. Entretanto, não se encantar com o Carlos ficcional do filme de Assayas é praticamente impossível, e, volto a dizer, não porque o diretor busque torná-lo heroico. Graças à própria grandiosidade do personagem e de sua trajetória, unida ao desempenho estupendo de Édgar Ramirez, o Carlos de Olivier Assayas se torna figura comparável, em matéria de fascínio exercido sobre o espectador, a, por exemplo, qualquer membro da família Corleone. O que, convenhamos, não é pouco. Carlos, então, extrapola qualquer nicho reduzido de público (interessado meramente em política) para tornar-se uma obra-prima grandiosa, saga criminosa que realmente merece ser colocada, com todas as suas particularidades, ao lado de obras como O Poderoso Chefão, Era Uma Vez na América, Os Bons Companheiros...


Carlos 
Carlos, 2010
Olivier Assayas

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

[nosso lar]

Nosso Lar
Nosso Lar, 2010
Wagner de Assis


Quando ainda frequentava as searas espíritas, juro que tentei por umas duas vezes (até por pressão familiar) iniciar a leitura de Nosso Lar, livro publicado por Chico Xavier na década de 1930 que se tornou um clássico naquele meio, mas simplesmente não consegui por um motivo muito simples: enquanto literatura, a obra é uma bela de uma porcaria. Narrativa truncada, onde quase nada acontece, personagens unidimensionais, lições de moral por todos os cantos, e, o pior de tudo, uma empostação exagerada que beira o ridículo em todos os diálogos travados entre os mortos e entre os vivos. Sequer cheguei nas partes meio ficção-científica que incomodam a tantos, logo, nem critico o livro por isso - até porque aí é muito mais uma questão de crença do que de crítica literária.
Confesso que tremi diante da notícia da adaptação de Nosso Lar para o cinema, mais um passo negativo na cinematografia nacional atual, cada vez mais dominada pelas comédias padrão Globo, de um lado, e por filmes de cunho religioso/doutrinário de outro. Me irrito profundamente com essa "onda espírita" que invadiu o cinema brasileiro, não pela religião em si, mas pelo caráter confessional, doutrinário mesmo, que tais filmes possuem. O mesmo vale para os longas do Padre Marcelo Rossi, por exemplo. O problema está longe de ser a tematização de questões religiosas ou espirituais, como Clint Eastwood, aliás, acaba de demonstrar com seu belo Além da Vida, mas sim a opção por um cinema didático que tem o simples objetivo de conquistar mais fiéis para uma determinada crença. Fico pensando se o próximo passo será um filme sobre a vida de Silas Malafaia...
Mas, enfim, o que importa é que, justamente como imaginara, Nosso Lar é um filme muito ruim. Segue todos os defeitos do original: é artificial, didático, empostado, maniqueísta, doutrinário... e ainda trata todos os que não acreditam no espiritismo ou na vida após a morte com um desdém impressionante. O elenco, que conta com nomes de peso como Othon Bastos (que um dia fez Deus e o Diabo na Terra do Sol, lembrem-se disso), Rosanne Mulholland e Fernando Alves Pinto (que saudade de Terra Estrangeira!), parece totalmente deslocado, não levando muito a sério os diálogos inverossímeis que são obrigados a pronunciar - à exceção do protagonista, Renato Prieto, proveninente do teatro espírita, e que demonstra verdadeira paixão pelo projeto, conseguindo mesmo dar alguma qualidade à sua composição de André Luiz. Nosso Lar acaba se beneficiando da trilha do sempre ótimo Philip Glass e dos bons efeitos especiais e, lá pela metade, a narrativa até passa por uma breve melhora. Mas, no fim, o que predomina é mesmo a vontade de espalhar a doutrina espírita para o maior número possível de pessoas. Me senti nos tempos em que assistia palestras no grupo de jovens do centro que minha família frequenta. E, sinceramente, não preciso mais disso, passei dessa fase.

domingo, 16 de janeiro de 2011



[globo de ouro 2011: resultados]


Já faz um tempo que o Globo de Ouro deixou de ser o "termômetro do Oscar". Se olharmos para as últimas edições das duas premiações, com exceção de 2009 (quando Quem Quer Ser um Milionário? saiu consagrado em ambas), o vencedor do Globo de melhor filme não repetia a dose no Oscar desde O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, em 2004.
No entanto, os prêmios entregues pela HFPA continuam tendo lá seu charme e importância e, neste ano, parece que finalmente voltará a concordar com a Academia, ao premiar de maneira quase absoluta aquele que vem sendo a unanimidade cinematográfica do ano: A Rede Social, de David Fincher, vencedor em 4 categorias (Filme - Drama, Direção, Roteiro e Trilha sonora). Por mais que o que realmente dê força a um filme na reta final do Oscar sejam os prêmios dos sindicatos, a vitória da história dos criadores do Facebook nos Globos soa como mais um passo dado rumo à consagração plena que ocorrerá em 27 de fevereiro. É esperar para ver.




Melhor Filme - Drama: A Rede Social

Melhor Filme - Comédia ou Musical: Minhas Mães e Meu Pai

Melhor Ator - Drama: Colin Firth (O Discurso do Rei)

Melhor Ator - Comédia ou Musical: Paul Giamatti (Minha Versão Para o Amor)

Melhor Atriz - Drama: Natalie Portman (Cisne Negro)

Melhor Atriz - Comédia ou Musical: Annette Bening (Minhas Mães e Meu Pai)

Melhor Ator Coadjuvante: Christian Bale (O Vencedor)

Melhor Atriz Coadjuvante: Melissa Leo (O Vencedor)

Melhor Diretor: David Fincher (A Rede Social)

Melhor Roteiro: A Rede Social

Melhor Filme Estrangeiro: Em Um Mundo Melhor (Dinamarca)

Melhor Animação: Toy Story 3

Melhor Trilha Sonora: A Rede Social

Melhor Canção: "You Haven't Seen the Last of Me" (Burlesque)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

[apostas para o globo de ouro 2011]

Mesmo sem ter visto a maior parte dos filmes indicados ao Globo de Ouro, deixo aqui meus palpites para a premiação que ocorre neste domingo, como faço todo ano. Sempre com a meta de acertar mais vencedores do que no ano anterior...


Filme - Drama: A Rede Social

Filme - Comédia ou Musical: Minhas Mães e Meu Pai

Atriz - Drama: Natalie Portman (Cisne Negro)

Atriz - Comédia ou Musical: Annette Bening (Minhas Mães e Meu Pai)

Ator - Drama: Colin Firth (O Discurso do Rei)

Ator - Comédia ou Musical: Johnny Depp (O Turista)

Diretor: David Fincher (A Rede Social)

Ator Coadjuvante: Christian Bale (O Vencedor)

Atriz Coadjuvante: Helena Bonhan Carter (O Discurso do Rei)

Roteiro: A Rede Social

Animação: Toy Story 3

Filme Estrangeiro: Biutiful

Trilha Sonora: A Origem

Canção: "You Haven't Seen the Last of Me" (Burlesque)


[tetro]

Tetro
Tetro, 2009
Francis Ford Coppola


Por mais da metade de Tetro, acreditei estar diante de uma nova obra-prima de Francis Ford Coppola. O retorno do cineasta que já foi o mais poderoso de Hollywood a uma veia mais independente, condizente com o início de sua carreira, produz um filme pulsante, fotografado num belíssimo preto e branco, e dotado de uma jovialidade impressionante. Vincent Gallo convence na composição do enigmático protagonista, e o jovem ator que interpreta seu irmão, Alden Ehrenreich (que se parece muito com Emile Hirsch), é muito bom. A atmosfera de Buenos Aires dá vida a um Coppola rejuvenescido, apaixonado por seu cinema, capaz de comover no pequeno, no drama íntimo de uma família, daqueles personagens vivendo com suas memórias no bairro de La Boca.
Por tudo isso, é mesmo uma pena que a partir de certo momento de sua narrativa o filme caia tanto de qualidade. Após a entrada na trama da peça "escrita" por Bennie (Ehrenreich) e a participação desta num festival de teatro, Tetro passa a pecar pelo exagero dramático, por cenas que soam um tanto artificiais (todos os momentos envolvendo a personagem de Carmen Maura são muito ruins), que culminam com a revelação final que, se combina com o tom trágico-operístico proposto por Coppola, no momento em que acontece acaba tornando tudo ainda mais fake. Ainda assim, é muito bom ver esse grande mestre do cinema de volta à ativa, dando mostras de ainda ser um gênio.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


[além da vida]

Além da Vida
Hereafter, 2010
Clint Eastwood


Diante do boom do cinema espírita no Brasil, com filmes que não apenas tematizam a espiritualidade mas buscam mesmo efeitos doutrinários sobre o espectador, é muito bom assistir algo como Além da Vida. Pode parecer estranho Clint Eastwood em um filme sobre pessoas que estabelecem algum tipo de contato com os mortos, um tema tão propenso ao sensacionalismo, mas a delicadeza do diretor cai como uma luva para esse quase gênero. Eastwood não quer convencer ninguém de nada, quer apenas contar uma boa história (no caso, três boas histórias, que em determinado momento se unem), e isso ele sabe fazer como poucos. Com simplicidade, discrição e sobretudo sobriedade, o diretor conduz seus personagens (muito bem construídos) por momentos dramáticos que passam longe do exagero, emocionando sem ser lacrimoso - há um momento de particular comoção, envolvendo o personagem de Matt Damon (ótimo em cena) e Bryce Dallas Howard, em curta, mas marcante, participação. E ainda consegue criar uma das sequências de destruição mais espetaculares e angustiantes do cinema, ao abir o filme reproduzindo o tsunami que varreu a Tailândia em 2004, sequência que, por si só, vale muito mais que os inúmeros filmes-catástrofe que chegam nos cinemas quase todo ano. É de deixar Roland Emmerich corado de vergonha.
No fim das contas, Além da Vida é apenas mais um passo na caminhada brilhante desse veterano cineasta que continua se aprimorando, cada vez mais, em sua capacidade de dar vida ao humano no cinema.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


[minhas mães e meu pai]

Minhas Mães e Meu Pai
The Kids Are All Right, 2010
Lisa Cholodenko


Minhas Mães e Meu Pai é o filme "indie-moderninho-sensação de Sundance" desta temporada de prêmios. E tenho que dizer que geralmente minha implicância com esses filmes atinge níveis estratosféricos. O longa de Lisa Cholodenko não é ruim, pelo contrário, é bonitinho, tem momentos engraçados e um ótimo elenco (Annette Bening, Julianne Moore e Mark Ruffalo estão muito bem, e mesmo Mia Wasikowska, insossa que só ela no Alice de Tim Burton, consegue se destacar aqui). E ponto, nada mais que isso. Tem todos os clichês possíveis desse cinema independente norte-americano cada vez menos independente - afinal, o "gênero" já praticamente faz parte do mainstream, ainda mais se pensarmos que quase todo ano um de seus representantes é indicado aos principais prêmios de cinema do país. Para quem reclama que A Rede Social é muito barulho por pouco, precisa assistir Minhas Mães e Meu Pai, que provavelmente estará ao lado do filme de David Fincher na noite do Oscar, indicado na categoria principal. Resumindo: o problema não é que filmes como esse continuem a ser produzidos, mas sim que sejam repetidamente premiados e taxados como "originais".

sábado, 1 de janeiro de 2011

Os melhores filmes de 2010


O ano que terminou ontem foi um ano de bons filmes. De algumas obras-primas. E do mais novo maior sucesso da história do cinema brasileiro. Não é pouco. Resolvi, então, ampliar minha lista: ao invés de 10, cito aqui os 20 melhores filmes que estrearam nos cinemas brasileiros em 2010. Como sempre, discordâncias são muito bem vindas.


20- Amor Sem Escalas
Up in the Air, 2009
Jason Reitman


19- Vencer
Vincere, 2009
Marco Bellochio


18- Tulpan
Tulpan, 2008
Sergei Dvortsevoy


17- Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1, 2010
David Yates


16- Abutres
Carancho, 2010
Pablo Trapero


15- O Profeta
Un Prophéte, 2009
Jacques Audiard


14- As Melhores Coisas do Mundo
As Melhores Coisas do Mundo, 2010
Laís Bodansky

Inception, 2010
Christopher Nolan


12- José e Pilar
José e Pilar, 2010
Miguel Gonçalves Mendes



11- Tropa de Elite 2
Tropa de Elite 2, 2010
José Padilha



10- O Segredo dos Seus Olhos
El Secreto de Sus Ojos, 2009
Juan José Campanella


9- Um Homem Sério
A Serious Man, 2009
Ethan Coen & Joel Coen


8- O Escritor Fantasma
The Ghost Writer, 2010
Roman Polanski


7- Toy Story 3
Toy Story 3, 2010
Lee Unkrich



6- Mother
Madeo, 2009
Bong Joon-Ho



The Hurt Locker, 2009
Kathryn Bigelow


4- À Prova de Morte
Death Proof, 2007
Quentin Tarantino


Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, 2009
Werner Herzog


2- A Rede Social
The Social Network, 2010
David Fincher


1- A Fita Branca
Das Weiße Band, 2009
Michael Haneke