quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Selo & No cinema: Um Homem Bom

[um homem bom]

Um Homem Bom
Good, 2008
Vicente Amorim

Não deixa de ser motivo de orgulho ver mais um diretor brasileiro, para além dos sempre (merecidademente) badalados Fernando Meirelles e Walter Salles, estreando no cinema internacional com um filme de respeito e de qualidade. E Vicente Amorim, de O Caminho das Nuvens, realiza um bom trabalho nesse Um Homem Bom. Não é um filme excelente, não traz grandes novidades à temática nazismo, mas é um pequeno filme feito com talento e com exatidão: é curto e objetivo, bem interpretado (Viggo Mortensen está muito bem, bastante à vontade em um personagem demasiadamente humano e frágil, de certa forma inusitado para o ator) e com alguns momentos de verdadeira beleza (a sequência final, por exemplo, é um primor, assim como a cena em que o protagonista veste pela primeira vez o uniforme da SS, ajudado por sua esposa).
É interessante notar, aliás, a escolha de Amorim para dirigir tal filme. De completamente inusitada, ela acaba se revelando um acerto em alguns sentidos, ainda que o brasileiro não promova grandes rupturas com o modo tradicional de abordar tal tema. Na verdade, o diretor exibe um olhar que faz de Um Homem Bom um filme muito semelhante a exemplares do cinema alemão contemporâneo, como A Vida dos Outros, por exemplo (ainda que não chegue a qualidade deste), o que torna sua abordagem corretamente sóbria, seca em muitos momentos, e distante de maniqueísmos comuns em filmes norte-americanos sobre o tema.
Por outro lado, seguindo essa linha de raciocínio, faria mais sentido a escolha de um cineasta alemão para o cargo, que, já que não estamos tratando aqui de um diretor brasileiro dos mais ousados, capaz de trazer novos ares aos filmes sobre o nazismo (imagino que, Fernando Meirelles, por exemplo, poderia sim inovar em alguns aspectos em uma obra como essa), com certeza iria mais longe em algumas opções dramáticas do filme, capazes de torná-lo mais contundente do que é de fato. Há determinados pontos da narrativa de Um Homem Bom que, se aprofundados, poderiam torná-lo uma pequena obra-prima (como, por exemplo, as consequências das teses do personagem de Mortensen para os doentes mentais da Alemanha nazista, rapidamente mostrados em uma pequena cena, ou mesmo sua ligação com o extermínio de judeus, já que mesmo a última cena, em um campo de concentração, não faz um link explícito entre os escritos de John Halder sobre a eutanásia e os crimes nazistas). Do jeito que está, é, com o perdão do trocadilho, somente um filme bom.


O Diego Rodrigues, do blog Cinemania, indicou o Crônicas Cinéfilas com o selo "Olha que blog maneiro". Valeu, Diego! Essas são as regras:

1. Exiba a imagem do selo "Olha que blog maneiro!" que você acabou de ganhar.
2. Poste o link do blog que te indicou (muito importante).
3. Indique 10 blogs de sua preferência.
4. Avise seus indicados (não esquecer).
5. Publique as regras.
6. Confira se os blogs indicados repassaram o selo e as regras.
7. Envie a sua foto ou de um(a) amigo(a) para olhaquemaneiro@gmail.com juntamente com o link dos 10 blogs indicados para verificação. Caso os blogs tenham repassado o selo e as regras corretamente, dentro de alguns dias você receberá uma caricatura em P&B.

Aqui, os blogs que eu indico:

Moviola Digital

Filmes do Chico

Baú de Filmes

Cenas de Cinema

Anfitrião

Cine no pretensions

Cine Ôba

Cinefilia

Fina Ironia

Amor Louco

5 comentários:

Rafael Carvalho disse...

Cara, não consigo simpatizar com esse filme, acho um pouco artificioso e caricato, a história do homem que perde seus valores e tal. O Viggo está até bem. Acho que preciso vê-lo de novo.

Rafael Carvalho disse...

Ah, e brigadão pelo selo!

Wallace Andrioli Guedes disse...

O Viggo realmente é melhor do que o filme. Mas, como disse no texto, gostei pela forma como o Amorim filmou, se aproximando, na minha opinião, de alguns exeplares do cinema alemão contemporâneo.

Bruno disse...

Obrigado pelo selo, Wallace! Já fiz um post lá no meu blog sobre ele, além de dar algumas explicações sobre minha sumida, hehehe. Quanto ao filme, eu tinha muita vontade de ver, por conta do Viggo, mas está me surpreendendo a quantidade de pessoas que se decepcionaram com o filme. De qualquer forma, irei conferi-lo quando possível para poder formar minha própria opinião. Abraço!

Wallace Andrioli Guedes disse...

Bruno, acho que a idéia é não ir vê-lo com grandes expectativas: é um filme pequeno, direto, sem grandes pretensões. Não é genial, mas tem seu valor.