sábado, 24 de janeiro de 2009

em Série ...

[família soprano - primeira temporada]


Nesse espaço, pretendo comentar algumas temporadas de série que venho assistindo. Como nunca fui muito fã desse tipo de programa, ainda estou dando meus primeiros passos nesse universo, por isso, é bem provável que esse seja um espaço atualizado com frequencia bem menor. Começo por aquela série que sempre tive vontade de assistir, e finalmente encarei sua primeira temporada.


Família Soprano - 1ª Temporada
The Sopranos - The First Season, 1999
David Chase


O que mais impressiona em Família Soprano é sua capacidade de trazer um novo ar às histórias da máfia, já exploradas à exaustão pelo cinema (e já tendo rendendo algumas obras-primas, como O Poderoso Chefão, Os Bons Companheiros e Era Uma Vez na América). David Chase radicaliza aqui o olhar íntimo na vida dos mafiosos, que muitos desses filmes havia apresentado, retirando de forma completa o glamour de tais personagens, ao mesmo tempo que escapa totalmente de qualquer estereótipo: Tony Soprano, o protagonista da série, é um sujeito bruto e violento sim, como pediria sua "profissão", mas ele é também um pai de família preocupado com o rendimento de seus filhos na escola, que leva sua filha mais velha às universidades onde pode vir a estudar, que sofre com a teimosia de sua mãe em aceitar ser colocada em uma casa de repouso e que, o que talvez seja o mais importante na trama, vivendo sob toda essa imensa pressão, sofre colapsos que o levam a fazer terapia. Sinceramente, é difícil imaginar Vito ou Michael Corleone vivendo muitas dessas situações.
Essa primeira temporada tem o mérito de equilibrar todos os dramas de Tony, tanto os que envolve sua família sanguínea, quanto aqueles que dizem respeito à sua "outra família", com perfeição, utilizando como fio condutor as sessões do protagonista com a Dra. Melfi, que acaba se revelando uma personagem mais importante do que se poderia imaginar num primeiro momento. Também impressiona nesse início da saga dos Sopranos o desempenho do elenco da série. James Gandolfini é um show à parte, criando um personagem ao mesmo tempo ameaçador e profundamente carismático, amigável. É um trabalho primoroso, mas não é o único a merecer destaque: Edie Falco, Michael Imperioli (no personagem mais divertido da série, que também encanta por sua humanidade) e Dominic Chianese também têm momentos memoráveis em cena, mas quem realmente toma a série de assalto é a veterana atriz Nancy Marchand, no papel da mãe de Tony. Iniciando a temporada como uma personagem extremamente irritante, que aparentemente servirá apenas como uma espécie de alívio cômico (chegamos a torcer para que ela saia logo de cena), aos poucos Livia Soprano vai revelando sua verdadeira face, tornando-se talvez a mais importante figura dessa temporada e, podemos assim dizer, a verdadeira "vilã" da trama. No elenco, a única que fica um pouco aquém das expectativas é Lorraine Bracco (que esteve genial em Os Bons Companheiros), no papel da Dra. Jennifer Melfi, que parece um tanto deslocada em muitos momentos.
Como é uma temporada curta (13 episódios) não há muito espaço para enrolação, ainda que alguns episódios sejam visivelmente mais fracos e alguns acontecimentos desnecessários. Geralmente a série cresce quando tem na direção Allen Coulter, que dirige aquele que talvez seja o melhor episódio dessa primeira temporada, "College". Além de contar com um ótimo episódio piloto ("The Sopranos"), comandado por Chase, Família Soprano também cresce assustadoramente em seus três últimos episódios (especialmente no último, "I Dream of Jeannie Cusamano"). Ali fica claro que, apesar do efeito de novidade trazido pela série (se Mario Puzo e Francis Ford Coppola haviam transformado a máfia em apenas mais um negócio, Chase fez do mafiosos apenas seres humanos), ainda estamos diante de uma clássica história da máfia (com disputas pelo poder, intrigas, traições e mortes). E das melhores.

5 comentários:

Diego Rodrigues disse...

Realmente, a série é uma maravilha. A 1ª temporada é só o início da saga de Sopranos. Adoro muito a série.

Wallace Andrioli Guedes disse...

Pois é, Diego, não pretendo, de forma alguma, parar na primeira temporada.
Conforme minhas possibilidades, irei assistindo à toda a saga dos Sopranos.

Hélio Flores disse...

Wallace, para mim Sopranos é a melhor coisa que ja surgiu na TV. Obra-prima absoluta, as temporadas seguintes conseguem elevar ainda mais o nivel. Realmente Nancy Marchand é um espetaculo, e sua ultima cena nesta primeira temporada é de dar calafrios: Tony jura que ela deu um sorriso, mas... who knows?

Nao se preocupe, Lorraine Bracco tera muitos momentos para brilhar nas temporadas seguintes, alem de todos os outros personagens que vc viu e tantos outros que surgirao.

E se vc acha que ha acontecimentos desnecessários, grave-os na memória. Cada caso contado, cada detalhe, e ate mesmo figurantes, acabam surgindo com mais força no futuro. Mesmo que leve 3 ou 4 temporadas pra isso.

Nao lembro quantos episodios teve a serie, acho que um pouco mais ou menos de 100. E apenas um deles eu achei ruim. Penso seriamente em reve-la do inicio ainda em 2009.

Abraços!

Wallace Andrioli Guedes disse...

Pois é, Hélio, com esse comentário você só aumenta minha vontade de ver as outras temporadas ... se tudo correr bem, alugo a segunda ainda nessa semana.

Bruno disse...

Caramba, Soparanos é uma das minhas séries preferidas de todos os tempos! A 1ª temporada, apesar de muito boa, talvez tenha sido a que menos me empolgou. Assisti até a 4ª temporada, que foi numa época que estava com um bom tempo livre e podia conferir várias séries, como Sopranos, Lost, Prison Break, The Office, Dexter, Scrubs e The Shield. Depois comecei a ficar sem tempo e hoje só acompanho Dexter (pq, além de ser genial, possui menos episódios por temporada do que as demais). Mas Sopranos é uma das que devo voltar a conferir assim que tiver menos atarefado... dizem que a última temporada da série é perfeita!