Tim Lopes – Histórias de Arcanjo adere a uma
tendência cada vez mais forte no documentário brasileiro: a dos filmes
históricos biográficos em primeira pessoa, nos quais um dos realizadores conduz
a narrativa a partir de suas memórias acerca do personagem biografado –
geralmente, um parente seu. Tendência que gerou alguns documentários muito
bons, como Dzi Croquettes, Elena e
Os Dias com Ele, e outros nem tanto, como
Marighella e
Em Busca de Iara.
Tim Lopes fica num meio termo. Isso porque o filme
sobre o jornalista da Rede Globo brutalmente assassinado por traficantes
cariocas, curiosamente, é melhor justamente quando se afasta desse documentário
brasileiro contemporâneo, optando por um formato mais tradicional de
talking heads e imagens de arquivo. É quando as histórias de
Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento (verdadeiro nome de Tim Lopes) vêm à tona
que o filme ganha agilidade e força, conseguindo dimensionar para o espectador
a importância de seu personagem central e os riscos que corria na realização de
seu trabalho.
Já quando tem Bruno Quintella, roteirista do filme e filho do
jornalista, em frente às câmeras, interagindo com seus entrevistados e
visitando os locais pelos quais seu pai passou, Tim Lopes – Histórias
de Arcanjo soa exageradamente posado, com planos e contraplanos
desajeitados que, como TV das piores, buscam explicitar as reações emocionadas
de Bruno durante conversas com ex-colegas de trabalho do pai. Vale imaginar o quanto a já bela cena final do documentário seria ainda mais forte emocionalmente com o filho de Tim Lopes fora de quadro, ao invés de expondo suas lágrimas em frente às câmeras buscando comover também o espectador.
Guilherme Azevedo
2013
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