sexta-feira, 30 de maio de 2014

Tim Lopes - Histórias de Arcanjo



Tim Lopes – Histórias de Arcanjo adere a uma tendência cada vez mais forte no documentário brasileiro: a dos filmes históricos biográficos em primeira pessoa, nos quais um dos realizadores conduz a narrativa a partir de suas memórias acerca do personagem biografado – geralmente, um parente seu. Tendência que gerou alguns documentários muito bons, como Dzi Croquettes, Elena e Os Dias com Ele, e outros nem tanto, como Marighella e Em Busca de Iara.

Tim Lopes fica num meio termo. Isso porque o filme sobre o jornalista da Rede Globo brutalmente assassinado por traficantes cariocas, curiosamente, é melhor justamente quando se afasta desse documentário brasileiro contemporâneo, optando por um formato mais tradicional de talking heads e imagens de arquivo. É quando as histórias de Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento (verdadeiro nome de Tim Lopes) vêm à tona que o filme ganha agilidade e força, conseguindo dimensionar para o espectador a importância de seu personagem central e os riscos que corria na realização de seu trabalho.

Já quando tem Bruno Quintella, roteirista do filme e filho do jornalista, em frente às câmeras, interagindo com seus entrevistados e visitando os locais pelos quais seu pai passou, Tim Lopes – Histórias de Arcanjo soa exageradamente posado, com planos e contraplanos desajeitados que, como TV das piores, buscam explicitar as reações emocionadas de Bruno durante conversas com ex-colegas de trabalho do pai. Vale imaginar o quanto a já bela cena final do documentário seria ainda mais forte emocionalmente com o filho de Tim Lopes fora de quadro, ao invés de expondo suas lágrimas em frente às câmeras buscando comover também o espectador. 


Tim Lopes - Histórias de Arcanjo 
Guilherme Azevedo
2013

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