2006. Após Bryan Singer assumir a direção do ainda hoje subestimado
Superman - O Retorno e Matthew Vaughn pular fora do posto de
seu substituto, o medíocre Brett Ratner lançou X-Men: O Confronto
Final, filme que, em menos de duas horas, deixava de lado todo o
cuidado com que Singer construíra o universo dos mutantes no cinema para, numa
narrativa apressada e com assustadora sanha assassina, colocar ponto final numa
história que parecia ainda merecer alguns capítulos. Depois disso, Wolverine
ganhou duas aventuras solo esquecíveis (a primeira delas é um desastre
completo!) e Vaughn retornou à franquia para reabilitá-la com o maravilhoso
X-Men: Primeira Classe, trabalho cuidadoso no
desenvolvimento de seus personagens e carregado da verve política que permeara
o olhar de Singer para esses heróis.
É muito surpreendente, portanto, que, de volta ao
universo que o consagrou, o diretor de X-Men: O Filme e
X-Men 2, cometa exatamente o mesmo erro de Brett Ratner.
Como O Confronto Final, X-Men: Dias de um Futuro
Esquecido é um filme apressado, que tenta resolver pouco tempo uma
história complexa, que ocupa diferentes linhas temporais que se tocam a todo
momento. Ao apostar na ação quase ininterrupta, o diretor perde a chance de
explorar mais a fundo especialmente o futuro apocalíptico,
locus potencial das discussões políticas que não aparecem em
Dias de um Futuro Esquecido. A pressa de Singer também
compromete o passado setentista: a complexa dinâmica entre Erik (Michael
Fassbender) e Xavier (James McAvoy), força motriz de Primeira Classe,
é eclipsada pelo ritmo frenético da narrativa e pela necessidade boba de ter o já desgastado Wolverine como protagonista. Não à toa, o único momento
realmente memorável do filme envolve o uso de uma super câmera lenta, para
retratar os poderes do veloz mutante Mercúrio. É quando Bryan Singer ao menos nos
deixa respirar um pouco, em meio a tanta correria.
X-Men: Days of Future Past, 2014
Bryan Singer
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