sexta-feira, 5 de outubro de 2012


[festival do rio 2012 - parte 2]


Moonrise Kingdom  
Moonrise Kingdom, 2012
Wes Anderson


Personagens melancólicos e monossilábicos enquadrados de maneira centralizada pela câmera já são uma dica de que se está diante de um filme de Wes Anderson. O diretor, quem vem da experiência de filmar uma história mais voltada para o público infantil (O Fantástico Sr. Raposo), permanece nesse universo em Moonrise Kingdom, ao trazer a história de um casal de crianças vivendo um inocente e doce, mas intenso, amor. O maior mérito de Anderson e de seu co-roteirista Roman Coppola é levar esses personagens mirins muito a sério: a história é contada sob a ótica deles, mas nunca de uma maneira infantilizada por conta da baixa idade dos protagonistas. E o fato de ter dois atores magistrais interpretando os pequenos Sam e Suzy (Jared Gilman e Kara Hayward que, de tão bons, conseguem eclipsar a presença de nomes como Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Harvey Keitel, Tilda Swinton e Frances McDormand) torna tudo ainda mais marcante. A paixão com que seus respectivos personagens se dedicam um ao outro é algo comovente, elemento disparador de uma viagem sentimental às primeiras descobertas do amor, àquele primeiro momento em que nos sentimos abalados por simplesmente estar perto de alguém. Viagem muitíssimo bem conduzida por um inspirado, ainda que talvez repetitivo, Wes Anderson. 


As Sessões 
The Sessions, 2012
Ben Lewin


Num momento em que o superestimado Intocáveis arrebata as bilheterias brasileiras e consolida sua condição de favorito ao próximo Oscar de filme estrangeiro, não deixa de ser um alívio assistir a um filme delicado como esse As Sessões. Não que o trabalho de Ben Lewin seja radicalmente diferente do sucesso francês mas, só por não enveredar pelos caminhos da história edificante sobre uma amizade que supera todas as diferenças, já é digno de aplausos. O diretor equilibra bem o drama do protagonista com seu incorrigível bom humor, nunca descambando para a comédia explícita como faz Intocáveis, e ainda acerta em cheio na construção da relação entre o personagem de John Hawkes e a terapeura sexual interpretada por Helen Hunt. Os dois atores estão assombrosos em cena e o respeito e carinho com que se tratam ao longo da narrativa são de uma beleza gigantesca. 
Longe de ser uma obra-prima e se enquadrando, no fim das contas, à perfeição no cinema independente norte-americano "sério", As Sessões, ainda assim, conquista pela simplicidade de sua história e pela força de seu casal de protagonistas.

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