13 Horas é o
filme que muitos enxergaram em Sniper Americano. Se o olhar dúbio lançado por Clint Eastwood para a trajetória de
Chris Kyle foi tomado, em análises apressadas, por corroboração do ufanismo
primário e do militarismo do biografado, em 13 Horas esses valores de fato estão presentes na forma como
Michael Bay conta a história do cerco ao consulado norte-americano na Líbia,
em 2012. Não há espaço para sutilezas na abordagem de Bay. Seu filme cultua
explicitamente a eficácia da brutalidade militar, em contraposição à
vagareza dos burocratas e políticos, incapazes de tomar qualquer decisão
acertada. Esse contraste simplista entre ação e política flerta perigosamente com princípios
fascistas e, em tempos de eleições presidenciais nos Estados Unidos, soa como ataque direto a Hillary Clinton, Secretária de Defesa na época do ocorrido em Benghazi e frequentemente acusada pelos conservadores de negligência no socorro aos soldados encurralados.
Bay e o roteiro de Chuck Hogan também passam longe de
qualquer reflexão, tão cara a Sniper Americano, sobre os efeitos da guerra naqueles soldados: o que está
presente aqui é simplesmente a saudade de uma vida ordinária ao lado da
família, que é logo suplantada pela consciência de se estar cumprindo um dever
patriótico, moralmente superior e necessário. E se Chris Kyle compartilhava
dessa mentalidade, o filme de Eastwood sobre o ex-SEAL trata de problematizá-la,
registrando o aumento da psicose do personagem conforme ele mergulha mais fundo
na guerra e as consequências disso para sua família.
Mas, sinceramente, não penso que o maior problema de 13 Horas seja propriamente ideológico. Se
Bay fosse um diretor minimamente competente, talvez seu proto-fascismo não
incomodasse tanto. Ao menos estaríamos diante de um bom filme. Mas o que o pai
dos Transformers no cinema faz, mais
uma vez, é criar uma grande confusão visual e sonora, tentando bater todos os
recordes de número de cortes por minuto, o que, crê o diretor, resultaria num
filme intenso, envolvente. É verdade que muitos compartilham dessa concepção bayana de ação, não à toa a franquia
dos robôs alienígenas gigantes é um grande sucesso comercial, mas, para mim,
daí só vem um tédio profundo. Como consigo compreender, sei lá, uns 30% do que
acontece na tela, já que tudo é excessivamente frenético, picotado e
desconjuntado, já que a câmera de Bay não consegue ficar parada por cinco
segundos observando a ação de seus personagens, logo me desinteresso pelos
filmes do diretor.
E o pior é que 13 Horas tinha um potencial absurdo para ser um grande filme.
Novamente, independente de posições ideológicas, nas mãos de um cineasta com um
pouco mais de bom senso, essa história facilmente poderia ser transformada numa
experiência carpenteriana da pesada.
Algo à lá Assalto à 13ª DP,
alicerçado no western clássico (o que
Eastwood, aliás, fez em Sniper Americano,
ainda que a matriz ali seja mais Rastros
de Ódio e menos Rio Bravo,
referência principal do cinema de Carpenter), mas com temas e estética modernos.
Mas aí cabe perguntar: será que Michael Bay sabe quem é Howard Hawks? Ou John
Carpenter?
13 Hours: The Secret Soldiers of Benghazi, 2016
Michael Bay
Um comentário:
Muito bom post é interessante. Quando leio que um filme será baseado em fatos reais, automaticamente chama a minha atenção, adoro ver como os adaptam para a tela grande,tudo o eleco fazem um ótimo trabalho no filme, tem muito talento. Para mim Homens de Coragem é umo dos melhores filmes de James Badge Dale e fiquei emocionada, tem uma história muito impactante, sempre falei que a realidade supera a ficção.
Postar um comentário