sexta-feira, 25 de março de 2016

Um Homem Entre Gigantes



Numa cena já nos momentos finais de Um Homem Entre Gigantes, é feita uma breve comparação entre as posturas da NFL (Liga Nacional de Futebol), ao negar a existência de uma doença decorrente da prática de futebol americano, e da indústria tabagista, que negava, até a década de 90, a relação entre o hábito de fumar e doenças como o câncer de pulmão. Ao incluir essa comparação em seu já problemático filme, o diretor e roteirista Peter Landesman (do fraquíssimo JFK – A História Não Contada) permite que lembremos da obra-prima O Informante, de Michael Mann, que trata, justamente, da luta de um jornalista e de um ex-executivo para revelar o que as empresas de cigarro queriam esconder. E aí a coisa complica um pouco mais para Um Homem Entre Gigantes.   

É que os dois filmes de fato contam histórias semelhantes, de homens comuns enfrentando gigantescas corporações e tendo suas vidas destruídas no processo. Mas, como realização cinematográfica, estão muito distantes um do outro. O Informante é ao mesmo tempo um thriller político de arrebentar com os nervos e um drama denso, com personagens complexos vivendo situações-limite e com desempenhos viscerais de seus protagonistas (Russell Crowe e Al Pacino). Um Homem Entre Gigantes, por sua vez, é uma bobagem motivacional e sentimental que insiste no poder do indivíduo na sociedade norte-americana, mesmo quando a realidade repetidamente desconstrói esse discurso ao longo da trajetória do médico Bennet Omalu (Will Smith). Há aqui, portanto, menos de O Informante e mais de À Procura da Felicidade, também com Smith, ainda que, dessa vez, não haja o flerte com o cinema de Frank Capra que tornara esse último tão adorável.

Se falta a Um Homem Entre Gigantes a potência política e a densidade dramática que o permitiriam bater com mais força numa corporação poderosíssima como a NFL e se aproximar mais de O Informante, falta também a competência para ser, ao menos, o que se propôs a ser: um drama motivacional emocionante e inspirador. Pois sobra esquematismo e repetições nesse filme inócuo e arrastado, que não envolve, não emociona, não inspira, apenas aborrece. 

Um Homem Entre Gigantes 
Concussion, 2015
Peter Landesman

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