Numa cena já nos momentos finais de Um Homem Entre Gigantes, é feita uma breve comparação entre as posturas
da NFL (Liga Nacional de Futebol), ao negar a existência de uma doença
decorrente da prática de futebol americano, e da indústria tabagista, que
negava, até a década de 90, a relação entre o hábito de fumar e doenças como o
câncer de pulmão. Ao incluir essa comparação em seu já problemático filme, o
diretor e roteirista Peter Landesman (do fraquíssimo JFK – A História Não Contada) permite que lembremos da obra-prima O Informante, de Michael Mann, que
trata, justamente, da luta de um jornalista e de um ex-executivo para revelar o
que as empresas de cigarro queriam esconder. E aí a coisa complica um pouco
mais para Um Homem Entre Gigantes.
É que os dois filmes de fato contam histórias semelhantes,
de homens comuns enfrentando gigantescas corporações e tendo suas vidas destruídas
no processo. Mas, como realização cinematográfica, estão muito distantes um do
outro. O Informante é ao mesmo tempo um
thriller político de arrebentar com
os nervos e um drama denso, com personagens complexos vivendo situações-limite
e com desempenhos viscerais de seus protagonistas (Russell Crowe e Al Pacino). Um Homem Entre Gigantes, por sua vez, é
uma bobagem motivacional e sentimental que insiste no poder do indivíduo na
sociedade norte-americana, mesmo quando a realidade repetidamente desconstrói esse
discurso ao longo da trajetória do médico Bennet Omalu (Will Smith). Há aqui,
portanto, menos de O Informante e
mais de À Procura da Felicidade,
também com Smith, ainda que, dessa vez, não haja o flerte com o cinema de Frank
Capra que tornara esse último tão adorável.
Se falta a Um Homem
Entre Gigantes a potência política e a densidade dramática que o permitiriam
bater com mais força numa corporação poderosíssima como a NFL e se aproximar
mais de O Informante, falta também a competência
para ser, ao menos, o que se propôs a ser: um drama motivacional emocionante e
inspirador. Pois sobra esquematismo e repetições nesse filme inócuo e arrastado,
que não envolve, não emociona, não inspira, apenas aborrece.
Concussion, 2015
Peter Landesman
Nenhum comentário:
Postar um comentário