É bom quando surpresas acontecem nas geralmente entendiantes e previsíveis premiações do cinema americano e o Globo de Ouro 2016 foi bem interessante nesse sentido. Afinal, em ao menos quatro categorias os favoritos não saíram premiados: atriz coadjuvante, em que Kate Winslet derrotou a esplêndida Jennifer Jason Leigh; roteiro, em que Steve Jobs, mais uma vez, surpreendeu; direção e filme dramático, em que O Regresso, a princípio destinado a levar apenas o óbvio prêmio de melhor ator para Leonardo DiCaprio, saiu vencedor, mostrando-se mais forte do que se imaginava. E Spotlight, tido como potencial grande vencedor da noite, acabou com as mãos vazias.
O que isso muda para o Oscar? Difícil dizer por agora. Primeiramente porque, como vem sendo notado há um bocado de anos, o Globo de Ouro já não ocupa mais esse posto de principal prévia do prêmio da Academia (no fim das contas, pesam mais as decisões dos sindicatos). Em segundo lugar, é importante ressaltar que se a imprensa estrangeira em Hollywood decidiu celebrar o cinema de Alejandro Iñarritu esse ano, o Oscar já o fez em sua última edição, quanto Birdman levou as estatuetas de filme e direção. Acho pouco provável que O Regresso tenha o mesmo destino, tão pouco tempo depois.
No mais, foi uma cerimônia que começou engraçada, graças à contumaz acidez do humor de Ricky Gervais (gostei bastante das piadas com Sean Penn, Ben Affleck, Donald Trump e, um pouco mais adiante, Mel Gibson), mas foi cansando conforme caminhava... o que já me faz sofrer por antecipação com a potencial chatice do Oscar, sem Gervais e com muito mais categorias. Valeu muito a pena, no entanto, ver Sylvester Stallone premiado pelo retorno ao papel mais marcante de sua carreira (ainda que eu adore o desempenho de Mark Rylance no magnífico Ponte dos Espiões), Ridley Scott enfim levando um Globo para casa e, claro, Tarantino recebendo um merecidíssimo prêmio para Ennio Morricone, pela trilha de Os Oito Odiados. Faltou George Miller ganhar algo por seu insano Mad Max: Estrada da Fúria, para coroar essa como uma noite de gigantes.
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