Que melhor maneira de recuperar uma desgastada franquia de
ficção-científica do que dando um reboot
por meio de viagens no tempo? Isso foi feito brilhantemente por J.J. Abrams em Star Trek e, felizmente, o universo de O Exterminador do Futuro também permite
o uso desse artifício. Mas, infelizmente, o diretor Alan Taylor, que, claro,
está longe do talento de James Cameron, tampouco consegue chegar aos pés de
Abrams. Ele faz de Gênesis apenas um
filme de ação genérico, apressado, cheio de clichês e com atores que não
mereciam ocupar o lugar de gente como Linda Hamilton, Michael Biehn, Edward
Furlong, Nick Stahl, Christian Bale e Anton Yelchin.
Na verdade, é até injustiça citar Furlong, Stahl e Bale,
ex-intérpretes de John Connor, já que Jason Clarke, responsável pelo personagem
nesse novo filme, é um ator bem interessante. E Emilia Clarke também não é
exatamente um desastre no papel imortalizado por Hamilton (o que não significa
que ela dê conta de segurar uma figura tão icônica quanto Sarah Connor). O
problema maior no elenco de Gênesis
se chama Jai Courtney, canastrão bombado que faz Michael Biehn (que viveu Kyle
Reese no Exterminador do Futuro
original) parecer Daniel Day-Lewis. E o pior é que Courtney está presente em
praticamente todos os minutos do filme, quase sugando para seu buraco negro
particular de falta de talento aqueles que o cercam, inclusive Emilia e Jason.
Falo em “quase” porque também está em cena, ainda que por menos tempo que
Courtney, Arnold Schwarzenegger, outro ator inexpressivo, mas que sabe como
poucos usar essa característica a seu favor. Shwarzenegger é o respiro desse 5º
Terminator, com seu carisma irresistível
que por pouco não torna O Exterminador
do Futuro: Gênesis perdoável.
Isso não acontece porque os problemas do filme vão além do casting. O roteiro, por exemplo, tem
furos gigantescos, tanto na cronologia da série (era para ignorar o 3º e o 4º
filmes ou perdi algo?) quanto nas regras criadas pelo próprio Gênesis (a ida para 2017, pulando um
evento fundamental de 1984, não inviabilizaria inclusive a existência de
determinado personagem?), e ainda aposta numa boba dinâmica de comédia
romântica entre Reese e Sarah Connor (eles brigam, mas se amam), que serve
apenas para torná-los personagens ainda mais infantis e irritantes (o que
estavam longe de ser no filme original).
Por fim, há a direção qualquer coisa de Taylor, que não se
esforça nem para ser medíocre e emular James Cameron (a não ser no primeiro
terço do filme, quando a cópia do primeiro Terminator
era uma necessidade imposta pelo próprio roteiro). O Exterminador do Futuro: Gênesis é só mais um filme de ação cheio
de perseguições e explosões clean,
criadas por um indisfarçável CGI. Em tempos de Mad Max: Estrada da Fúria, fica feio fazer isso.
E ainda há quem não entenda o apego de Cameron ao universo que construiu em Avatar...
E ainda há quem não entenda o apego de Cameron ao universo que construiu em Avatar...
Terminator Genysis, 2015
Alan Taylor
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