domingo, 17 de maio de 2015

Mad Max: Estrada da Fúria



É curioso como a trilogia Mad Max, apesar de muito bem-sucedida na criação de um universo facilmente reconhecível, com visual e mitologia próprias que influenciaram enormemente o cinema de ação nos anos seguintes (das bobagens de Kevin Costner, Waterworld e O Mensageiro, a The Rover, mais recente porrada australiana), não é composta por grandes filmes. Entre a simplicidade contagiante do original de 1979 (que ainda não trazia totalmente desenhado o futuro pós-apocalíptico tão associado posteriormente à franquia) e o constrangimento de Mad Max Além da Cúpula do Trovão (1985), passando pelo razoável Mad Max 2: A Caçada Continua, faltava um filme realmente digno do potencial do mundo caótico imaginado por George Miller. Isso até Mad Max: Estrada da Fúria.  

A narrativa de Estrada da Fúria é composta praticamente por uma única sequência de ação, uma perseguição ininterrupta de duas horas que não dá ao espectador muitas pausas para respirar. Mas o que poderia ser apenas a repetição de um vício de tantos blockbusters contemporâneos, como Transformers e O Homem de Aço, aqui se revela um acerto absoluto, por representar o mergulho de cabeça de Miller na loucura do mundo que criou. Não há espaço para a infantilização oitentista de um Além da Cúpula do Trovão, com sua tribo de crianças fofinhas, parentes próximas dos Eworks de O Retorno de Jedi, do Short Round de Indiana Jones e o Templo da Perdição e dos garotos perdidos de Hook – A Volta do Capitão Gancho. Estrada da Fúria é brutal, raivoso, adulto. E como tampouco há as restrições orçamentárias do primeiro Mad Max, Estrada da Fúria tem a grandiosidade talvez sempre desejada por Miller.

O resultado é uma aterradora e bela sinfonia do caos, regida com maestria pelo diretor, e que ainda surpreende por ter no coração de sua trama um grupo de mulheres empoderadas, cuja líder (Charlize Theron) se sobrepõe até mesmo ao icônico Max Rockatansky (Tom Hardy, na difícil tarefa de substituir Mel Gibson). O feminismo inesperado de Estrada da Fúria é a cereja num bolo delicioso, um filme alucinante que injeta na franquia Mad Max a insanidade da qual ela sempre careceu, mesmo estando presente no apelido de seu protagonista desde o início. 


Mad Max: Estrada da Fúria 
Mad Max: Fury Road, 2015
George Miller

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