Um homem inspirador,
íntegro e dedicado à família e ao trabalho sofre uma tragédia pessoal,
mergulhando em luto e dor, até que, no Natal, seus melhores amigos buscam uma
solução para trazê-lo de volta à vida, solução essa que pode contar com alguns
toques sobrenaturais. Com essa sinopse, Beleza
Oculta parece mirar diretamente no cinema de Frank Capra, sobretudo naquele
que talvez seja seu maior clássico, A
Felicidade Não Se Compra. No entanto, o resultado alcançado aqui por David
Frankel, diretor de filmes até bons, como O
Diabo Veste Prada e Marley & Eu,
passa longe de Capra, atingindo diretamente a autoajuda mais rasteira à lá
Augusto Cury.
É impressionante como
Frankel e o roteirista Allan Loeb fazem todas as escolhas erradas. O texto de Beleza Oculta é pedestre, telegrafando
para o espectador cada passo que será dado adiante na narrativa. Obviedade
atrás de obviedade, clichê atrás de clichê, Loeb desperdiça todas as
oportunidades de tornar um pouco profundos os personagens que criou e de seguir
por caminhos que não sejam o da lição de moral cuspida na cara do espectador.
Um exemplo: partindo da premissa até interessante dos três amigos do
protagonista (vividos por Edward Norton, Kate Winslet e Michael Peña) contratando três atores (Helen Mirren, Keira
Knightley e Jacob Latimore) para interpretarem a Morte, o Tempo e o Amor e
convencê-lo a superar a perda da filha, Loeb tem que necessariamente ligar
esses elementos, ou abstrações (como tratadas no filme), aos dramas pessoais
dos personagens de Norton, Winslet e Peña, para não deixar de passar mais
algumas mensagens rasas sobre como viver a vida. Vêm daí alguns momentos
constrangedores, com discursos inacreditavelmente tolos saindo da boca de
atores desse calibre. E há ainda a cereja (estragada) no bolo (vencido) que é
esse roteiro atroz: uma reviravolta no epílogo que é um tanto... digamos...
pegando leve... ridícula.
Frankel, por sua vez,
consegue jogar no lixo um elenco impressionante. Além dos citados, há Will
Smith, que, apesar do péssimo momento na carreira – o sujeito vem de uma
sequência inglória, com Um Homem Entre
Gigantes e Esquadrão Suicida
ainda frescos na memória –, parece um casting
adequado para esse tipo de personagem nesse tipo de filme. Afinal, Smith
protagonizou belamente À Procura da Felicidade,
essa sim uma obra contemporânea verdadeira capriana – se bem que, pouco depois,
ele e o mesmo Gabriele Muccino de À
Procura da Felicidade fizeram o abacaxi Sete
Vidas, de intenso flerte com a autoajuda que em Beleza Colateral é totalmente escancarada. Mas nem do astro em
franca decadência e olhos sempre marejados sai algo de interessante aqui. Além
disso, Frankel faz escolhas visuais feíssimas, apostando quase sempre em closes
e em profundidade de campo extremamente reduzida. É forte a sensação de se
estar diante de uma novela ruim.
Numa cena de Beleza Oculta, os personagens de Smith e
Mirren discutem duramente no metrô de Nova York, com o primeiro reclamando dos
lugares-comuns ditos a ele sobre a morte e a necessidade de superação do luto,
que, por mais belos e bem intencionados que pudessem ser, não tocavam no cerne
da dor experimentada por quem perde um ente querido. De estranha e acidental
metalinguagem, essa cena acaba resumindo o horroroso filme de Frankel, em sua
absoluta incapacidade de extrapolar o clichê motivacional ao abordar tema tão
humano. No ano de Manchester à Beira-Mar,
a maneira como Beleza Oculta aborda o
luto chega a ser ofensiva.
Collateral Beauty, 2016
David Frankel
Um comentário:
Sua opinião é boa, mais eu acho que o filme é bom para inspirar as pessoas que sofreram a morte de um parente. A verdade eu achei uma história muito comovente. Beleza Oculta filme foi um dos melhores filmes de drama que foi lançado este ano pelo elenco que teve. Não tem dúvida de que Will Smith foi perfeito para o papel principal. Acho que Keira Knightley e Kate Winslet também foram uma parte importante do excelente sucesso comercial do filme. Eu recomendo a todos vê-lo para que criem sua própria opinião sobre o filme
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