Caçadores de Obras-Primas tem como principal referência aqueles saudosos "filmes de missão" passados na Segunda Guerra Mundial, nos quais o clima de aventura sobrepuja a seriedade do momento retratado e os nazistas são apresentados como antagonistas incontestes dos sempre bem-intencionados Aliados (um bom exemplo aqui é o ótimo Os Doze Condenados, de Robert Aldrich). Se esse maniqueísmo passa longe de configurar um problema - ainda mais depois que Bastardos Inglórios (que, aliás, também homenageia o subgênero em questão) deu um importante grito de liberdade do cinema em relação às obrigações de fidelidade histórica -, o filme de George Clooney peca por ser surpreendentemente insosso.
O envolvimento da turminha de Clooney no projeto parecia sugerir, na pior das hipóteses, um Onze Homens e Um Segredo de época e, na melhor, um novo Argo. Mas o resultado não chega perto nem de um, nem de outro. Caçadores de Obras-Primas se arrasta ao longo de suas quase duas horas, incapaz de despertar o interesse do espectador pela louvável missão na qual seus personagens estão engajados, enquanto consegue a proeza de desperdiçar até o talento cômico de Bill Murray e John Goodman, atores que costumam ser engraçados mesmo quando pouco inspirados ou em papéis não muito memoráveis. Completando o elenco, o próprio Clooney, Matt Damon, Jean Dujardin e Cate Blanchett, todos devidamente oscarizados, desfilam pela tela sem entregar um mísero momento em cena que valha a pena ser lembrado. Mas quem sai com a imagem mais arranhada disso tudo é mesmo o Clooney diretor, por seu trabalho burocrático e preguiçoso que não imprime à narrativa um ritmo minimamente ágil, adequado a esse tipo de filme. Ao final, fica a frustração de ver uma boa história contada com tanto desleixo, ao mesmo tempo que surge uma vontade quase irresistível de rever Bastados Inglórios. Ou, até mesmo, Operação Valquíria.
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