[festival varilux de cinema francês 2012 - parte 1]
Intouchables, 2011
Eric Toledano & Olivier Nakache
O maior sucesso de bilheteria da França no ano passado (mais de 20 milhões de espectadores) é um filme simpático, comovente em alguns momentos e engraçado em muitos outros. Aborda o cotidiano de um personagem tetraplégico sem a sensibilidade de obras como Mar Adentro ou O Escafandro e a Borboleta mas, por outro lado, tem o enorme mérito de não descambar para o sentimentalismo barato, apesar de vez ou outra passar perto disso. Talvez a aposta no humor tenha sido um dos grandes acertos dos diretores Eric Toledano e Olivier Nakache, permitindo um certo distanciamento da densidade dramática geralmente exigida de uma história como essa. Intocáveis é, em suma, um filme simples, discreto, agradável e que se beneficia demais de seus atores, especialmente de Omar Sy, um verdadeiro vulcão de carisma.
Polisse, 2011
Maïwenn
Esse aqui é uma porrada. A diretora Maïwenn ficcionaliza (baseando-se em pesquisa de campo) o dia-a-dia de uma divisão da polícia de Paris responsável por crimes contra menores de idade e acaba criando alguns momentos de imensa força dramática. Cada novo caso de pedofilia ou violência contra crianças que surge na tela é como um soco no estômago do espectador, pela visceralidade que Maïwenn, com sua estética seca, consegue imprimir aos seus personagens. Só é uma pena que a diretora insista em também ser atriz do filme, inserindo na trama uma personagem boba, insossa e que, ao estabelecer uma relação amorosa com o personagem do excepcional Joey Starr, acaba por criar o único laço de inverossimilhança numa narrativa carregada de veracidade.
2 comentários:
Olha, eu poderia jurar que Intocáveis seria um filme oportunista na sua relação de amizade entre opostos, mas me surpreendi com um tom leve, meio politicamente incorreto e muito espirituoso, além de comovente na medida certa.
E me convenci de que Polissia é o melhor filme desta edição do festival (A Arte de Amar viria logo em seguida). Acho que o filme não é só porrada, tem uns momentos engraçados (a história da menina que teve de fazer sexo oral pra ter o celular de volta é impagável). Acho um filme equilibradíssimo, no fim das contas. E olha, eu gosto muito da personagem da Maïwenn. A fotógrafa que chega para observar e registrar tudo, tímida, calada, me parece ser a própria representação de nós, espectadores (o que se torna mais pertinente ainda por ela ser a diretora do filme). É esse olhar distante, mas atento, que o filme parece lançar. Nada contra o envolvimento dela com o brutão lá.
Tenho muito interesse neste Os Intocáveis...
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