sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012


[a separação]


A Separação 
Jodaeiye Nader az Simin, 2011
Asghar Farhadi


Dentro do meu parco conhecimento sobre cinema iraniano (e aqui não há um pingo de falsa modéstia, mas uma simples constatação de que assisti muito pouco mesmo do mais básico já produzido naquele país), os filmes de Asghar Farhadi me parecem uma guinada rumo a um cinema mais narrativo, menos preocupado com discussões acerca de sua própria linguagem. Não consigo enxergar isso, no entanto, como um demérito, por mais que me encante com o que vi de Abbas Kiarostami e Mohsen Makhmalbaf, por exemplo: tanto Procurando Elly quanto esse A Separação são dramas densos, narrativas nem um pouco preguiçosas construídas sobre uma crescente e sufocante tensão. Impressiona a forma como Farhadi consegue fazer um filme que, apesar de ter como tema um divórcio e uma série de atos estúpidos decorrentes dele, é tão angustiante quanto muitos dos melhores thrillers já produzidos por aí. Isso se explica, em boa parte, pela escrita cuidadosa de seus diálogos, já que A Separação é basicamente um filme de conversas, argumentações e discussões entre os personagens, que consegue manter o espectador atento ao que eles dizem durante todo o tempo, e também pela impecável direção de atores (não há um porém em seu elenco, por mais que o devido destaque deva ser dado ao protagonista Peyman Moaadi). Mas acho que, no fim das contas, o segredo de Farhadi está em sua capacidade de, ao expor sem pré-julgamentos as múltiplas e diferentes razões que motivam as ações de personagens tão díspares, fazer com que seu filme se pareça tanto com a vida.

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