quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

[curtinhas: filmes revistos]

O Fabuloso Destino de Amélie Poulain
Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain, 2001
Jean-Pierre Jeunet


Essa é daquelas obras que ganham aura cult, mas da qual tinha uma lembrança ruim. Assisti O Fabuloso Destino de Amélie Poulain pela primeira vez no ápice de seu sucesso, e o filme simplesmente não havia me convencido. Esse segundo olhar fez bem ao trabalho mais famoso de Jean-Pierre Jeunet.
Continuo com dificuldades para enxergar a obra-prima que muitos veem, mas é, sem dúvidas, um filme com uma atmosfera mágica muito bem construída, com uma protagonista adorável e cativante (Audrey Tatou merece ter se transformado no ícone que se transformou com essa personagem) e com um visual arrebatador. Basta não exigir aqui mais do que o filme se propõe a ser (uma pequena, despretensiosa e doce fábula), basta assisti-lo desarmado, e Amélie (filme e personagem) torna-se praticamente irresistível. Finalmente me rendi.


A Queda - As Últimas Horas de Hitler
Der Untergang, 2004
Oliver Hirschbiegel


Esse aqui caiu um pouco nessa revisão. Quando assisti A Queda pela primeira vez, estava no início da graduação em História, e me lembro de ter ficado impressionado com o que Oliver Hirschbiegel fez, mas havia achado o filme um tanto cansativo, e as cenas que não tinham o Hitler de Bruno Ganz desnecessárias.

Hoje, entendo que o filme, ao contrário do que quis vender o péssimo subtítulo brasileiro, é sobre a derrubada de uma visão de mundo que se entranhou em uma sociedade, e que foi devastada, desde sua "cabeça" até o mais humilde alemão que acreditou e seguiu os ideais do III Reich. Nesse sentido, A Queda é mesmo admirável, mas seu formato me pareceu, agora, excessivamente tradicional, mesmo didático.

O que permanece intacto é o brilhantismo da interpretação de Bruno Ganz. Sua presença em cena é devastadora, seu Hitler humanizado é, por isso mesmo, ainda mais assustador e monstruoso. Provavelmente, qualquer outra interpretação do Führer pelo cinema, antes ou depois deste filme, soará como rasa, como mero estereótipo.



Apocalypse Now
Apocalypse Now, 1979
Francis Ford Coppola


Trata-se aqui de uma velha obsessão. Pelo fato de minha cinefilia ter se iniciado realmente por volta do início dos anos 2000, só havia tido a oportunidade de assistir a nova versão de Apocalypse Now, relançada por Francis Ford Coppola em 2001.

Finalmente assistido o filme como lançado em 1979, o veredicto: são duas experiências muito diferentes. No fim das contas, o Redux é melhor, é mais longo, mais detalhado, tem Marlon Brando por mais tempo em cena, e dá um tom de "jornada infernal que nunca termina" à trajetória de Willard e seus comandados. Mas o "original" é também impactante ao seu modo. A montagem aparentemente apressada, dá um ritmo acelerado ao filme, que faz com que suas 2h30 de duração passem voando, e acaba aumentando o caráter alucinógeno e alucinado de sua narrativa. Acelerada, esta parece ainda mais insuportável. Como disse o próprio Coppola, seu filme não é sobre o Vietnã, ele é o próprio Vietnã. De maneiras distintas, as duas versões de Apocalypse Now tornaram-se essa afirmativa assustadoramente verdadeira.

4 comentários:

Diego Rodrigues disse...

Apocalypse Now para mim, continua poderoso.
Amélie Poulain e A Queda são duas ótimas obras.

Três grandes filmes.

Anônimo disse...

Tenho mais-ou-menos a mesma opinião que a sua sobre Amélie. É um filme bom. Sem mais. É ruim ir assitir esperando aquela PUTA COISA, porque nao é. Eu tive a sorte de assistir antes do hype, o que contribuiu também.

Anônimo disse...

Amélie é um maravilhoso pedaço da sétima arte. Eu daria cotação máxima. E "A Queda" é muito importante em sua realização, recebendo poder inestimável graças à Bruno Ganz. Quatro estrelas, também.

Ainda não vi Apocalypse Now.

Cristiano Contreiras disse...

Também não acho Amelie Poulain uma obra-prima, mas mesmo assim mexe comigo e cativa!

Apocalipse Now é um dos clássicos, costumava ver com um tio, em VHS.

Ótimo blog o teu, sempre!