segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Primeira Guerra Mundial no cinema


Há exatos 100 anos, teve início a Primeira Guerra Mundial. É curioso notar como esse conflito, em grande medida definidor do que seria o século XX (o historiador Eric Hobsbawn chega a estabelecer 1914 como o marco inicial do novo século), foi pouco visitado pelo cinema. Especialmente se comparado com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). De fato, a escala e a violência da guerra desencadeada por Adolf Hitler foram maiores do que as da Primeira Guerra, mas seria estupidez ignorar, ou reduzir, o impacto que ela provocou nas sociedades da época. A Grande Guerra, como chamada então, moldou gerações (Hitler é fruto dela, vale lembrar) e influenciou decisivamente importantes acontecimentos que se seguiram: a Revolução Russa, a ascensão do nazismo e a própria Segunda Guerra.

Talvez o cinemão prefira a Segunda Guerra pela facilidade de enxergá-la em preto e branco, por conta da nefasta presença da ideologia fascista. É difícil eleger um vilão na Primeira. Não à toa, Sem Novidade no Front, um dos maiores filmes feitos a seu respeito, narra, com olhar de absoluto humanismo, a trajetória de jovens alemães engajados no conflito (vale lembrar que a Alemanha estava "do outro lado", sendo acusada por americanos, ingleses e franceses de ser a grande responsável pela guerra).

Bem, por mais que o número de filmes sobre a Primeira Guerra não seja tão grande quanto deveria, eles existem. E alguns são obras-primas. Listo abaixo meus favoritos.


10- Cavalo de Guerra
(Steven Spielberg, 2011)


9- Crepúsculo das Águias
(John Guillermin, 1966)


8- A Grande Guerra
(Mario Monicelli, 1959)


7- Johnny Vai à Guerra
(Dalton Trumbo, 1971)


6- Anjos do Inferno
(Howard Hughes, 1930)


5- Gallipoli
(Peter Weir, 1981)


4- A Grande Ilusão
(Jean Renoir, 1937)


3- Sem Novidade no Front
(Lewis Milestone, 1930)


2- Glória Feita de Sangue
(Stanley Kubrick, 1957)


1- Lawrence da Arábia
(David Lean, 1962)


domingo, 20 de julho de 2014

Planeta dos Macacos: O Confronto



Há quase três anos, me surpreendi com a qualidade Planeta dos Macacos: A Origem, retomada da série cinematográfica iniciada em 1968 com um clássico que nunca aprendi a amar. Sua continuação direta, Planeta dos Macacos: O Confronto, consegue ser ainda melhor.

Matt Reeves (de Cloverfield) substitui Rupert Wyatt, mas mantém a direção elegante, cuidadosa na construção dramática da narrativa. Tudo tem sua hora para acontecer nessa retomada da franquia Planeta dos Macacos e o impacto provocado pelos momentos-chave dos filmes acaba sendo maior que na maioria dos blockbusters genéricos que têm chegado aos nossos cinemas. Se em A Origem a conjunção de elementos narrativos que levavam à primeira fala de Caesar tornava esse momento absolutamente eletrizante (como não amar aquele "No!"?), O Confronto constrói com enorme competência a relação entre humanos e símios, para que lamentemos verdadeiramente quando tudo vai por água abaixo – numa sequência, mais uma vez, impressionante, que conta com pelo menos um plano absolutamente magnífico (aquele que traz o macaco Koba assumindo o controle de um tanque de guerra). Reeves tem consciência do aumento da escala desse filme em comparação ao anterior: reconhecendo a vocação épica da história que tem em mãos, o diretor recheia a narrativa de imagens icônicas, mas nenhuma delas fora de lugar. Planeta dos Macacos: O Confronto se torna, por isso, um filme empolgante do início ao fim.

Mas o maior acerto de Reeves e dos roteiristas Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver está mesmo no cuidado com que desenvolvem seus personagens. Figuras simples, mas nunca caricaturais, os homens, mulheres, símios e símias desse novo Planeta dos Macacos têm motivações críveis para cada um de seus pequenos atos. Mesmo o deformado Koba, que acaba por se transformar num vilão detestável, tem seu comportamento justificado pelo passado de sofrimento nas mãos dos humanos. É um filme, no fim das contas, sobre figuras humanas (no sentido da complexidade que a análise de nossa natureza exige), independentemente do pertencimento dos personagens a uma espécie ou outra.

Planeta dos Macacos: O Confronto 
Dawn of the Planet of the Apes, 2014
Matt Reeves