Declarei há alguns dias no twitter minha frustração com os filmes brasileiros lançados esse ano, e, de uma forma geral, com o cinema brasileiro contemporâneo. À exceção de Se Nada Mais Der Certo, não foi lançado nada de realmente memorável, tendo a safra de 2009 sido composta de alguns bons filmes e algumas outras bombas.
É Proibido Fumar, segundo longa de Anna Muylaert, é mais um que se enquadra na categoria dos "bons filmes", mas que fica longe de conseguir dar um upgrade em nosso cinema atual. É uma obra simpática, que acaba encantando pela simplicidade, tanto de sua narrativa quanto de seus personagens. Ser simpático, entretanto, acaba se revelando um dos grandes problemas do filme: a história bobinha, com personagens agradáveis acaba flertando em certos momentos com as abomináveis comédias televisivas que têm invadido os cinemas recentemente, deixando É Proibido Fumar à beira do abismo.
É quando Muylaert muda o tom de sua narrativa, já próximo ao final, que seu filme cresce absurdamente. Crescem também os protagonistas, e mesmo o que parecia bobo e banal em suas caracterizações acaba ganhando força, no contraste com o novo momento da história. É nessa virada que Muylaert fortalece seu cinema, aproximando-o, guardadas as devidas proporções, com o de Pedro Almodóvar (aliás, há mesmo uma cena, em uma festa, que parece uma citação direta de Fale com Ela). Aqui, só não crescem seus dois principais intérpretes, Glória Pires e Paulo Miklos. Não crescem pois já eram grandes no resto do filme, dos momentos light aos mais pesados. Desde suas primeiras cenas, juntos e separados, Pires e Miklos estão inspiradíssimos.
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