Aproveitando a estreia nos cinemas brasileiros do fraco Pequeno Segredo, de David Schurmann, que numa mistura de motivos políticos mesquinhos e concepções estéticas equivocadas acabou escolhido para representar o Brasil no Oscar 2017, listo abaixo outros cinco filmes ruins que o país mandou para avaliação da Academia. Em todos os casos, o Brasil ficou de fora dos indicados finais.
5- Salve Geral
(2009)
Um filme qualquer coisa
dirigido por Sergio Rezende, especialista nesse tipo de cinema (são dele várias
cinebiografias históricas caretas, como Lamarca,
Zuzu Angel e Mauá). Poderia ser uma potente crônica da violência urbana
brasileira, como foram os dois Tropa de
Elite (2007 e 2010), de José Padilha, mas não passa de um dramalhão com
ares televisivos, que ao menos tem boas atuações de Andréa Beltrão, Denise
Weinberg e Eucir de Souza.
Grande
filme brasileiro do ano: Se Nada Mais Der Certo,
de José Eduardo Belmonte
4- Última Parada 174 (2008)
Essa seleção caiu no
colo de Bruno Barreto após o “candidato natural” daquele ano, Linha de Passe, ser tirado da disputa
por opção de um seus diretores, Walter Salles. Voltando à poderosíssima
história já contada pelo documentário Ônibus
174 (2002), Barreto fez um filme sem vida, que não consegue justificar sua
existência diante da versão anterior de José Padilha. Além disso, há o absoluto
desperdício de todo o episódio do sequestro e um final novelesco constrangedor.
Grande
filme brasileiro do ano: Linha de Passe, de Walter
Salles e Daniela Thomas
3- A Morte Comanda o
Cangaço (1960)
Primeiro representante
do país no Oscar, esse aqui é um western
sertanejo conservador, artificial e cafona, dirigido pelo antiquado Carlos
Coimbra (de Independência ou Morte).
A narrativa se arrasta por pouco mais de uma hora e meia e o olhar lançado por
Coimbra para o sertão nordestino é absolutamente pasteurizado, algo próximo do
que Marcel Camus fez com a favela e o carnaval em Orfeu Negro. Contraposta a A
Morte Comanda o Cangaço, a explosão revolucionária promovida poucos anos
depois pela trinca Vidas Secas/ Deus e o Diabo na Terra do Sol/ Os Fuzis faz ainda mais sentido.
Grande
filme brasileiro do ano: Cidade Ameaçada, de
Roberto Farias
2- Tieta do Agreste
(1996)
A protagonista de Aquarius já estrelou um filme brasileiro
selecionado pelo país para o Oscar. Pena que foi esse abacaxi desconjuntado de
Cacá Diegues, diretor que já tentou algumas vezes, sempre em vão, chegar à
premiação da Academia. Adaptado do romance de Jorge Amado, Tieta do Agreste tem uma narrativa totalmente confusa, personagens
caricaturais, piadas constrangedoras e um visual pitoresco de novela das sete.
Nem Sonia Braga salva o filme do desastre.
Grande
filme brasileiro do ano: Como Nascem os Anjos, de
Murilo Salles
1-
Olga
(2004)
Por falar em novela... alguém
inventou algum dia que para agradar a Academia bastaria submeter à seleção um
filme sobre Holocausto. É a tal “cara de Oscar”. Daí veio Olga, adaptação da potente e trágica história da militante
comunista Olga Benário, dirigida por Jayme Monjardim como uma minissérie
histórica da Globo, um tipo de sequência estética de A Casa das Sete Mulheres. O resultado é um dramalhão horroroso, que
chega a ser cômico involuntariamente.
Grande filme brasileiro do ano: Entreatos, de João Moreira Salles
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