Há quase três anos, me surpreendi com a qualidade Planeta
dos Macacos: A Origem, retomada da série cinematográfica iniciada em
1968 com um clássico que nunca aprendi a amar. Sua continuação direta, Planeta dos Macacos: O Confronto,
consegue ser ainda melhor.
Matt Reeves (de Cloverfield) substitui Rupert
Wyatt, mas mantém a direção elegante, cuidadosa na construção dramática da
narrativa. Tudo tem sua hora para acontecer nessa retomada da franquia Planeta dos Macacos e o impacto provocado pelos
momentos-chave dos filmes acaba sendo maior que na maioria dos blockbusters
genéricos que têm chegado aos nossos cinemas. Se em A Origem a conjunção de elementos narrativos
que levavam à primeira fala de Caesar tornava esse momento absolutamente
eletrizante (como não amar aquele "No!"?), O Confronto constrói com enorme competência a
relação entre humanos e símios, para que lamentemos verdadeiramente quando tudo
vai por água abaixo – numa sequência, mais uma vez, impressionante, que conta
com pelo menos um plano absolutamente magnífico (aquele que traz o macaco Koba
assumindo o controle de um tanque de guerra). Reeves tem consciência do aumento
da escala desse filme em comparação ao anterior: reconhecendo a vocação épica
da história que tem em mãos, o diretor recheia a narrativa de imagens icônicas,
mas nenhuma delas fora de lugar. Planeta
dos Macacos: O Confronto se
torna, por isso, um filme empolgante do início ao fim.
Mas o maior acerto de Reeves e dos roteiristas
Mark Bomback, Rick Jaffa e Amanda Silver está mesmo no cuidado com que
desenvolvem seus personagens. Figuras simples, mas nunca caricaturais, os
homens, mulheres, símios e símias desse novo Planeta
dos Macacos têm motivações
críveis para cada um de seus pequenos atos. Mesmo o deformado Koba, que acaba
por se transformar num vilão detestável, tem seu comportamento justificado pelo
passado de sofrimento nas mãos dos humanos. É um filme, no fim das contas,
sobre figuras humanas (no sentido da complexidade que a análise de nossa
natureza exige), independentemente do pertencimento dos personagens a uma espécie ou outra.
Dawn of the Planet of the Apes, 2014
Matt Reeves
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