domingo, 12 de maio de 2013

Adeus, Minha Rainha



Maria Antonieta, rainha da França a partir de 1774 e executada, em 1793, pela revolução que tomara o país quatro anos antes, foi recentemente retratada de maneira juvenil e positiva num belo filme de Sofia Coppola, que tinha propósitos bem distintos desse Adeus, Minha Rainha, de Benoit Jacquot, no qual a personagem é vivida por uma estonteante Diane Kruger. Aqui, interessa ao diretor acompanhar os primeiros dias da Revolução Francesa sob a ótica dos que habitavam Versalhes, mais especificamente, dos criados da nobreza. A protagonista é a leitora oficial de Maria Antonieta, jovem que guarda uma forte paixão pela rainha.

Jacquot fez um filme histórico que poderia ser associado a uma espécie de "história vista de baixo" à inglesa, já que aborda grandes acontecimentos do passado através de micro-olhares daqueles que se encontravam na base da pirâmide social, construindo uma trama que revela muito sobre as relações de classe e sobre as visões de mundo de cada grupo que compunha a sociedade francesa do período. Apesar do ritmo excessivamente lento, Adeus, Minha Rainha consegue manter um clima de tensão constante,  ressaltado pela câmera inquieta de Jacquot (há, por exemplo, um estonteante plano-sequência num estreito corredor cheio de pessoas, no momento em que as notícias da revolução começam a chegar até a nobreza de Versalhes) e pela narrativa que compartilha com o espectador somente as informações que a personagem principal (interpretada pela linda Léa Seydoux) também sabe. Narrativa que Jacquot conclui com uma sequência - acompanhada, a partir de certo ponto, de narração em off - marcada por imensa ironia com seus personagens, dando duro golpe no espectador esperançoso de encontrar heroísmo e salvação no mundo retratado por esse amargo e sofisticado filme.


Adeus, Minha Rainha 

Les Adieux à la Reine, 2012
Benoit Jacquot

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