[360]
360, 2011
Fernando Meirelles
Me agrada muito o caminho tomado pelo cinema de Fernando Meirelles. Ao invés de investir numa carreira hollywoodiana, após o imenso sucesso internacional de Cidade de Deus e dos muitos elogios e indicações a prêmios de O Jardineiro Fiel, ou de seguir no Brasil fazendo filmes para o grande público, o cineasta optou por comandar produções médias, financiadas por investidores europeus e protagonizadas por elencos multinacionais, tendo sempre em foco uma bem-vinda autonomia artística. Feito dentro dessa lógica, 360, novo filme de Meirelles, é uma agradável surpresa.
Longe da ambição temática de um Ensaio sobre a Cegueira, por exemplo, o diretor filma com elegância e delicadeza o roteiro de Peter Morgan que, confesso, me encantou. Apesar de ser mais um filme com várias histórias que se cruzam, 360 é, se observamos bem, quase um anti-Babel (ou anti-Crash). Não há em sua narrativa a necessidade de encadear atos que se determinam, muitas vezes de maneira um tanto forçada, de acordo com aquela irritante e batida noção de que estamos todos conectados. Na verdade, Morgan aposta numa estrutura de hiperlinks, com uma história que se abre para outra que, por sua vez, se abre para outra, e assim por diante. Meirelles, por sua vez, demonstra sua sensibilidade habitual para lidar com dramas humanos, dando um tratamento carinhoso a cada um de seus personagens - me comoveu particularmente a figura do motorista/guarda-costas russo (interpretado por Vladimir Vdovichenkov) que, em poucos instantes, passa de marido insensível ao sofrimento da esposa a homem cheio de frustrações pelos caminhos escolhidos, mas ainda capaz de sonhar com uma vida diferente. Talvez 360 seja mesmo, como muitos vêm apontando, um trabalho menor de Fernando Meirelles. Mas que grande cineasta é esse brasileiro, que pode ter como parte menor e desimportante de sua filmografia uma obra tão bem dirigida e tão agradável de se assistir.
2 comentários:
Eu me decepcionei muito com esse filme. Acho desinteressante na maior parte do tempo. O ritmo está lá (e a montagem do Daniel Rezende é ótima), singelo, simples, mas as histórias parecem subaproveitadas. Dá vontade de saber mais sobre eles, de acompanhá-los, e aí o filme frustra. A única que melhor se resolve é a da prostituta que abre e fecha o filme. Fora isso, tudo me parece insosso. Pra mim, é a grande bola fora do Meirelles.
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