terça-feira, 17 de abril de 2012


[um método perigoso]

Um Método Perigoso 
A Dangerous Method, 2011
David Cronenberg


Um Método Perigoso não deixa de ser uma pequena decepção. Ter, num filme de David Cronenberg, Freud e Jung lidando com repressão sexual é um sonho de consumo para qualquer fã do cineasta, afinal, trata-se do sujeito que filmou, entre outras coisas, Crash - Estranhos Prazeres. E vem justamente dessa expectativa a frustração.
Apesar de conseguir manter-se mais intimista, evitando o tom épico costumeiramente presente em cinebiografias de época (algo que o filme, no fim das contas, não pretende ser), Cronenberg e o roteirista Christopher Hampton fazem de Um Método Perigoso uma narrativa episódica, desprovida de grandes momentos. Se pensarmos, por exemplo, nos dois trabalhos imediatamente anteriores do diretor, Marcas da Violência e Senhores do Crime, fica claro que aqui se tem um filme menor. Há alguns acertos nos enquadramentos (nas sessões de psicanálise ou nas conversas entre Freud e Jung, por exemplo) que saltam aos olhos e as interpretações de Michael Fassbender e Viggo Mortensen são ótimas (até Keira Knightley me agradou, apesar do exagero de suas primeiras aparições).  No entanto, Um Método Perigoso padece de um mal maior que não se costuma ver nos filmes de Cronenberg: ao falar de repressão, o diretor parece se auto-reprimir, optando por um registro estranhamente comportado.

2 comentários:

Rafael Carvalho disse...

Também me decepcionei com o filme. Está tudo lá, parece que existe um respeito para com os acontecimentos históricos e os personagens, mas soa tudo muito sem personalidade, frio, sem tesão. Justo esse filme. Essa coisa do fragmentado me incomodou bastante. E a Keira Knightley, caramba, tem uma composição exageradísisma.

Wallace Andrioli Guedes disse...

A Keira Knightley nem me incomodou muito, Rafael. Não gostei mesmo foi dessa auto-repressão do Cronenberg, por mais que, talvez, entenda o porquê dele ter feito isso.