segunda-feira, 19 de março de 2012


[anderson silva: como água]

Anderson Silva: Como Água 
Like Water, 2011
Pablo Croce


Esporte que mais cresce no mundo atualmente, o MMA começa, aos poucos, a invadir também o cinema. Primeiro foi o belo drama Guerreiro, de Gavin O'Connor, que provou que as Artes Marciais Mistas podem render filmes tão bons quanto o boxe, por exemplo, já rendeu. E agora é a vez do maior ídolo do esporte, o brasileiro Anderson Silva, virar personagem no documentário Como Água, que acompanha sua preparação para a luta contra aquele que acabou se firmando como seu maior antagonista, o norte-americano Chael Sonnen.
Apesar de ser um documentário, Como Água se estrutura como uma narrativa tradicional de filmes de luta, à lá Rocky (ainda que sem todo aquele melodrama): capta seu personagem num momento inicial de crise em sua carreira, após a polêmica luta contra Damian Maia, para acompanhar toda a pressão envolvendo seu próximo embate, os treinos desgastantes, o sofrimento pela distância da família, as polêmicas envolvendo as declarações de seu oponente (quase um Apollo Creed, na forma como busca provocar o adversário), até culminar na luta em si (o epílogo catártico). Tudo é feito com esmero e funciona muito bem, até porque Anderson Silva é um personagem fácil de se gostar. Mas uma coisa que me incomodou um pouco foi justamente a rapidez e frieza com que o combate final é mostrado. Toda a dramaticidade da luta contra Sonnen, a proximidade da derrota e a inesperada virada de Silva são apresentadas num registro sem emoção, em que a dimensão da situação extrema vivida pelo brasileiro não é realmente captada. Aqui, o diretor Pablo Croce perdeu a oportunidade de encerrar seu filme com um combate épico digno de Rocky Balboa vs. Apollo Creed, lançando o espectador para fora do cinema ainda contagiado com a adrenalina do que acabou de ver.
   

2 comentários:

Rafael Carvalho disse...

Essa coisa que você citou do documentário se estruturar como uma narrativa muito próxima ao ficcional (tem o vilão, o bom moço, o conflito, o clímax) é uma das coisas que mais me chamaram atenção no filme. Tira o peso de ser uma cinebiografia, mas acaba por revelar muito da personalidade e história do lutador. E convenhamos, ele é muito bom, como profissional e como ser humano. Virei fã.

Wallace Andrioli Guedes disse...

Eu já era fã, Rafael. Após o filme, minha admiração pelo Anderson e, consequentemente, antipatia pelo Sonnen, só aumentaram.