domingo, 15 de fevereiro de 2009

No cinema: Operação Valquíria

[operação valquíria]

Operação Valquíria
Valkyrie, 2008
Bryan Singer


Em Operação Valquíria, o final é o que menos importa - afinal, basta conhecer minimamente a história do século XX para saber como Adolf Hitler morreu. O que importa é o miolo, a trama criada por Bryan Singer e pelo roteirista Christopher McQuarrie (mesma dupla do inesquecível Os Suspeitos). No entanto, esse miolo não consegue ser tão saboroso quanto se esperava desse retorno de Singer a um cinema distante de adaptações de quadrinhos.

Talvez o grande problema do filme seja o pouco tempo gasto com o desenvolvimento de seus personagens. Mal a trama começa, o diretor já mergulha na conspiração para assassinar Hitler, pouco se sabendo sobre as figuras por trás de tal plano. No caso do protagonista, Claus von Stauffenberg, vivido com competência por Tom Cruise, isso até funciona, já que tal personagem fascina mais pelo mistério que o envolve, por sua expressão contida e por sua obstinação em acabar com o poder do Führer. No entanto, Singer acrescenta algumas cenas de Stauffenberg com sua família, numa tentativa de humanizá-lo que acaba se rendendo a uma série de clichês (e é uma pena que a excepcional Carice van Houten seja completamente subaproveitada aqui). Esse pouco desenvolvimento dos personagens da trama acaba por abrir brecha para uma leitura estereotipada de suas personalidades e motivações, especialmente na primeira parte de Operação Valquíria, vangloriando os conspiradores e demonizando seus inimigos de forma até primária.
É preciso reconhecer, porém, que, a partir de um certo momento, quando o tal plano começa a ser colocado em ação, o filme cresce absurdamente. Como Os Suspeitos, e mesmo O Aprendiz, já haviam demonstrado, Singer sabe como poucos cineastas da atualidade criar e conduzir um clima de suspense, e aqui ele não decepciona: a forma como o diretor destrincha os meticulosos detalhes do plano, explorando à perfeição a tensão e o medo que envolvem seus autores, e como cria um suspense que beira o insuportável acerca do sucesso ou não dos conspiradores, mesmo que saibamos qual foi o resultado, beira o brilhantismo. Fica difícil não torcer pelo personagem de Cruise e por seus aliados, mesmo que saibamos tão pouco destes, e isso graças à grandeza do talento do diretor. É inegável a contribuição de Singer aos filmes baseados em HQ's (afinal, foram dois ótimos longas, X-Men - O Filme e Superman - O Retorno, e uma pequena obra-prima, X-Men 2). Mas, assistindo a Operação Valquíria, também se torna inegável a falta que ele fazia ao cinema de suspense.

4 comentários:

papi disse...

o amigo, to frequentando bastante aqui, teu blog tá mt bom, continue assim cara.

bem atualizado e com textos com tamanho ideal...

vou adicionar o teu blog na meu blog roll, se quiser por o meu pode por
Hehehe

abraço

Wallace Andrioli Guedes disse...

Já tá adicionado aqui...

Anônimo disse...

Eu ia ver este no Domingo, mas acabei tendo que optar por outro graças aos horários divergentes. Mas quero muito vê-lo. Synger é um diretor que admiro muito.

Ciao!

Unknown disse...

Tem gente que adora fazer cara feia para diretores como o bryan Singer, dizendo que ele é especialista em blockbuster e portanto não merece tanta consideração. Besteira! Como você, também acho que ele é um grande diretor, e estou motivado a ver o filme (urgente) apenas por ele. e vá lá! Porque gosto dos filmes do Tom Cruise também.
Um abraço!