O Lutador
The Wrestler, 2008
Darren Aronofsky
Assistir a O Lutador não é uma experiência tranquila, indelével. Não que o filme seja forte, no sentido de possuir cenas extremamente violentas ou impactantes, como, por exemplo, o excelente Réquiem para Um Sonho, do mesmo Darren Aronofsky. Na verdade, boa parte da força que o longa possui, da sua capacidade de impedir que o espectador simplesmente apague da memória o que acabou de ver, é responsabilidade clara e óbvia de um homem: Mickey Rourke.
A essa altura já virou clichê elogiar sua interpretação, relembrar sua promissora carreira destruída por seus excessos e caprichos, mas sua presença em cena é realmente espetacular. Praticamente interpretando a si próprio, Rourke coloca na tela um personagem absurdamente simplório, sofrido e, justamente por isso, cativante. Ao mesmo tempo que é digno de pena, Randy "The Ram" Robinson é, assim como Rourke, uma vítima de sua própria estupidez (e a cena em que percebe o erro que cometeu ao se deixar levar para uma noitada regada a drogas e sexo é sintomática disso), o que o torna uma figura profundamente comovente. Terno e bruto, Rourke/Randy impressiona com sua magnética presença na tela, e suas companheiras de cena, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood pouco podem fazer diante dela. Entretanto, ao mesmo tempo que interpreta a si próprio, o ator dá mostras de seu brilhantismo ao verdadeiramente compor um personagem, e ao revelar, em pequenos gestos, a complexidade dramática deste. Vale observar, por exemplo, a expressão contida, passiva de Rourke ao ser agredido verbalmente pela personagem de Wood: o ator passa com perfeição os sentimentos de um homem destruído, maltratado pela vida, e que vê desaparecer ali sua última esperança de felicidade, o que acaba por comunicar-nos também o que virá a seguir, as consequências trágicas daquela briga. Esse é o momento mais comovente de um filme que, na verdade, comove, do início ao fim, e isso graças ao trabalho minimalista de seu protagonista, um grande ator, como sempre se soube.
No entanto, nem só de Mickey Rourke vive O Lutador. Por trás de sua presença avassaladora, existe o sujeito responsável por canalizar o turbilhão de emoções que é o ator, algo que Darren Aronofsky consegue fazer primorosamente. Se o diretor havia pecado pelo excesso de pretensão em seu último filme, o subestimado Fonte da Vida, aqui Aronofsky faz exatamente o oposto: um filme absurdamente simples. E, por isso mesmo, perfeito. Aronofsky percebe que diante do desempenho monstruoso de Rourke não caberiam exageros estéticos ou inovações narrativas, e simplesmente sai do caminho, deixando seu astro brilhar. E, por essa sua visão, o diretor brilha junto, e entrega um filme simples, singelo e de uma beleza gigantesca. Fui ao cinema esperando algo próximo ao recente, e ótimo, Rocky Balboa. Saí do cinema me lembrando de Touro Indomável.
A essa altura já virou clichê elogiar sua interpretação, relembrar sua promissora carreira destruída por seus excessos e caprichos, mas sua presença em cena é realmente espetacular. Praticamente interpretando a si próprio, Rourke coloca na tela um personagem absurdamente simplório, sofrido e, justamente por isso, cativante. Ao mesmo tempo que é digno de pena, Randy "The Ram" Robinson é, assim como Rourke, uma vítima de sua própria estupidez (e a cena em que percebe o erro que cometeu ao se deixar levar para uma noitada regada a drogas e sexo é sintomática disso), o que o torna uma figura profundamente comovente. Terno e bruto, Rourke/Randy impressiona com sua magnética presença na tela, e suas companheiras de cena, Marisa Tomei e Evan Rachel Wood pouco podem fazer diante dela. Entretanto, ao mesmo tempo que interpreta a si próprio, o ator dá mostras de seu brilhantismo ao verdadeiramente compor um personagem, e ao revelar, em pequenos gestos, a complexidade dramática deste. Vale observar, por exemplo, a expressão contida, passiva de Rourke ao ser agredido verbalmente pela personagem de Wood: o ator passa com perfeição os sentimentos de um homem destruído, maltratado pela vida, e que vê desaparecer ali sua última esperança de felicidade, o que acaba por comunicar-nos também o que virá a seguir, as consequências trágicas daquela briga. Esse é o momento mais comovente de um filme que, na verdade, comove, do início ao fim, e isso graças ao trabalho minimalista de seu protagonista, um grande ator, como sempre se soube.
No entanto, nem só de Mickey Rourke vive O Lutador. Por trás de sua presença avassaladora, existe o sujeito responsável por canalizar o turbilhão de emoções que é o ator, algo que Darren Aronofsky consegue fazer primorosamente. Se o diretor havia pecado pelo excesso de pretensão em seu último filme, o subestimado Fonte da Vida, aqui Aronofsky faz exatamente o oposto: um filme absurdamente simples. E, por isso mesmo, perfeito. Aronofsky percebe que diante do desempenho monstruoso de Rourke não caberiam exageros estéticos ou inovações narrativas, e simplesmente sai do caminho, deixando seu astro brilhar. E, por essa sua visão, o diretor brilha junto, e entrega um filme simples, singelo e de uma beleza gigantesca. Fui ao cinema esperando algo próximo ao recente, e ótimo, Rocky Balboa. Saí do cinema me lembrando de Touro Indomável.
8 comentários:
Nem vou ler o texto porque pretendo ver logo, logo. E sou grande admirador do cinema do Aronofsky, espero muito desse filme.
Adorei o blog Wallace, vou te incluir no meu sindicato de blogs também. ;)
Quanto a este filme, estou super ansioso, visto o quanto admiro o cinema intenso de Aronofsky.
ps: valeu pela nota quanto à MATCH POINT, incompreensívelmente confundi os anos. :P
Ciao!
Nao gosto do Aronofsky, a ponto de nem ter perdido meu tempo com Fonte da Vida. Mas este The Wrestler é muito bonito, pela simplicidade e classicismo do diretor, tao contido. Incrivel como as sequencias de luta livre nao sao filmadas com pompa, nao chamam a atençao para si com efeitos moderninhos. Era algo que eu esperava do diretor de Pi e Requiem.
E tem Rourke, claro. Bem maior que o filme.
Abços!
Wallace, ainda não vi este filme,porém pretendo assisti-lo nesta quinta-feira, já até reservei um horário específico. Depois de conferir prometo voltar aqui. Mas saiba que vc me deixou com muita curiosidade, não é qualquer filme que é comparado com "Touro Indomável". Abraço!
Ps: tb não entendo o porquê de "Fonte da Vida" ser tão subestimado!
Hélio, gosto do cinema do Aronofsky, por mais que, reconheço, ele exagere nas firulas de vez em quando. Talvez por isso O Lutador seja tão belo. E não sei se o Rourke é maior do que o filme, me parece que um não faz sentido sem o outro.
Pois é, Bruno, quando vi Fonte da Vida já havia achado ótimo, e creio que, numa revisão, será ainda melhor avaliado. Quanto à comparação com Touro Indomável, não se esqueça que tenho o filme do Scorsese como um dos melhores (se não o melhor) de todos os tempos.
Wallace, muito obrigado pela visita e cá estou eu retribuindo a sua aparição lá no blog! Antes de tudo quero parabenizá-lo pelo espaço, por sua excelente forma de se expressar nos textos e sua simpatia comigo, ok?
Bem, sobre "O Lutador" eu já não me aguento de curiosidade! Tenho visto opiniões excelentes, acho que só o Alex, do "Cine Resenhas" deu 3 estrelas pro filme, você, o Vinícius e o Otávio deram excelentes cotações! Espero que eu goste tanto quanto a maioria - e espero ser testemunho de um Mickey Rourke merecedor de sua indicação ao Oscar...
Um grande abraço, e o Crônicas Cinéfilas já está no meu blogroll.
Valeu pela simpatia também, Weiner. E pode ter certeza que estarei sempre frequentando seu blog daqui para a frente.
E O Lutador vale muito a pena mesmo ...
excelente review!
logo vou postar alguma coisa sobre o filme no meu blog, simplesmente fantástico.
Foi um pouco inesperado um filme assim vindo do Aronofsky. Ainda bem que ele deixou os excessos de lado. Não que eu nao goste de Fonte da Vida, acho um filme interessante, mas o estilo de direção usado nele, não daria certo em O Lutador.
abraço!
Postar um comentário