sábado, 17 de setembro de 2011


[fernanda de beauvoir]


Qualquer cinéfilo que se preze nutre alguma admiração pela figura de Fernanda Montenegro. E nem estou falando de seu trabalho em Central do Brasil, que a tornou mundialmente famosa - muito antes do filme de Walter Salles, lá estava a atriz em A Falecida, Tudo Bem, Eles Não Usam Black-Tie... aquela cena dos feijões, com Gianfrancesco Guarnieri, no filme de Leon Hirszman, é uma das coisas mais lindas que o cinema brasileiro já produziu. 
Mas foi o teatro que me presenteou com a chance de ver essa gigante de perto: em Viver Sem Tempos Mortos, peça dirigida por Felipe Hirsch, ela mergulha fundo na trajetória de Simone de Beauvoir, e emerge com uma simples mas emocionalmente potente mirada sobre a biografia da escritora - particularmente sua história de amor com Jean-Paul Sartre. Estar a alguns poucos metros de Fernanda Montenegro é uma experiência um tanto assustadora. Mas o nó na garganta deixado ao fim do espetáculo é responsabilidade de uma outra mulher ali presente, que poderíamos chamar de Fernanda de Beauvoir.

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