segunda-feira, 26 de abril de 2010

As Melhores Coisas do Mundo



Laís Bodanzky tem 40 anos de idade. Para descobrir essa informação, no entanto, só mesmo pesquisando sobre a diretora, pois é impressionante a capacidade quase antropológica que possui de retratar universos ligados a faixas etárias diferentes da sua. Quem assiste ao maravilhoso Chega de Saudade (2007) sem conhecer Bodanzky, acredita facilmente que ali está a mão de uma diretora experiente, já na terceira idade, a retratar com imensa veracidade uma realidade muito próxima à sua própria. E quem assiste a esse As Melhores Coisas do Mundo na mesma situação, tem a impressão oposta: Laís Bodansky deve ser uma jovem diretora, iniciante, retratando o mundo adolescente que abandonou há pouco. Assim como alcançara um olhar extremamente verdadeiro em seu filme anterior, neste novo trabalho a diretora mergulha fundo no cotidiano de jovens da classe média paulista e volta à superfície com um filme simplesmente... jovem. E por isso, também, assim como Chega de Saudade, verdadeiro do início ao fim.

Cabe uma ressalva: se seria mesmo de se esperar um grande filme a partir de uma história que tem como protagonistas pessoas marcadas (interna e externamente) pela vida, uma obra sobre adolescentes poderia facilmente cair na armadilha de ser banal e rasa, como muitos dos próprios retratados. Poderia ser uma versão fílmica de Malhação (ainda mais que até Fiuk, atual protagonista do folhetim Global, está no elenco do filme de Bodanzky), como aconteceu, por exemplo, com Podecrer! Mas As Melhores Coisas do Mundo passa longe desses problemas. Trabalha com estereótipos para revelar o quanto eles são, muitas vezes, reais, e arranca grandes interpretações de seus atores (como de costume em seu cinema, todos em cena estão bem, mas há pelo menos um desempenho verdadeiramente memorável, o do estreante Francisco Miguez). Mas o principal mérito de Laís Bodanzky, acima de todos os outros (que não são poucos), é sua capacidade de não julgar o mundo que está filmando. Foi assim nos seus dois longas anteriores, foi assim agora. Capacidade que, confesso, eu mesmo não tenho: em diversas vezes me peguei questionando as atitudes de um ou outro personagem de As Melhores Coisas do Mundo, mesmo neste texto. Bodanzky alcança a vida adulta em sua cinematografia com um filme sobre a boa época na qual ainda não precisávamos ser adultos.


As Melhores Coisas do Mundo 
As Melhores Coisas do Mundo, 2010
Laís Bondanzky

sábado, 17 de abril de 2010

[chico xavier]

Chico Xavier
Chico Xavier, 2010
Daniel Filho


Durante boa parte de minha adolescência fui espírita - um período relativamente curto (cerca de uns 5 anos), mas importante de minha vida, período de formação intelectual e de construção de visão de mundo (e minha ruptura com a religião deu-se justamente por discordância intelectual, e não por acreditar ou não nos "fenômenos" nos quais o espiritismo acredita, até porque nunca me importei realmente com estes). Sou de família espírita e, logo, convivo com a religião desde sempre. Sei, portanto, da importância que Chico Xavier tem para seus adeptos: talvez o maior divulgador que o espiritismo já teve, o médium mineiro foi também um dos grandes responsáveis pela consolidação desta doutrina no Brasil e, por sua postura de total sacrifício diante da vida e de sua "missão", tornou-se para eles quase um santo.
A vida de Chico Xavier é cinematográfica demais para não virar filme, mas, conhecendo tal devoção, meu medo maior era que o resultado fosse a) mais que um filme sobre um religioso, um filme religioso, feito para converter novos adeptos ao espiritismo ou b) um grande melodrama choroso, nas mãos de um diretor geralmente fraco como Daniel Filho ou c) as duas coisas. Nesse sentido, Chico Xavier, o filme, é mesmo uma agradável surpresa. Parente próximo de biografias recentes no cinema brasileiro, como 2 Filhos de Francisco e Lula, o Filho do Brasil, o trabalho de Daniel Filho (que, sejamos justos, já havia realizado um bom trabalho em Tempos de Paz) surpreende justamente por, assim como esses dois filmes, apostar numa construção gradual de uma atmosfera de comoção, sem cenas grandiosas e/ou catárticas - o tom de Chico Xavier é de absoluta sobriedade. Algo que se reflete nos desempenhos de seu elenco, encabeçado por um inspirado Nelson Xavier (é, desde já, uma das grandes interpretações deste ano) e por um competente Ângelo Antônio, que garantem a transformação de um personagem quase etéreo, tamanha sua bondade e serenidade, em um homem de carne e osso.
A surpresa maior, entretanto, está na abordagem de Daniel Filho para a religião em questão. É claro que este é um filme apaixonado por seu protagonista e que acaba corroborando muitos de seus ideais, retratando como verdade o que muitos não-crentes poderiam questionar - nesse sentido, o grande erro de Chico Xavier é mesmo a caracterização do personagem Emmanuel que, a meu ver, não deveria sequer ser mostrado no longa, mas apenas citado, deixando no ar a dúvida sobre sua real existência ou não. No entanto, longe de ser um filme espírita, este é um filme sobre um espírita. Interessa a Daniel Filho o homem Chico Xavier, o personagem. E não a religião que ele professava. O diretor não quer converter ninguém a nada, até porque ele próprio se declara ateu. Algo que, infelizmente, não podemos esperar da enxurrada de filmes espíritas que vêm por aí - estes sim, muito provavelmente, trabalhos religiosos-militantes, prontos a transformar qualquer espectador incauto em mais um crente a encontrar nos mais de 400 livros publicados por Chico Xavier a explicação para todos os seus problemas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

[curtinhas: no cinema]

Um Homem Sério

A Serious Man, 2009
Ethan Coen & Joel Coen


Ver personagens que representam pessoas "comuns" sofrendo em filmes do irmãos Coen não é exatamente uma novidade. Nesse sentido, Um Homem Sério parece encaixar-se perfeitamente em sua filmografia. No entanto, a obra representa também uma certa ruptura: de Gosto de Sangue a Onde os Fracos Não Têm Vez, passando por Barton Fink, Fargo, Queime Depois de Ler e outros, as "vítimas da vez" só se transformavam em tal ao cometerem alguma atitude tida como estúpida, que gerava então uma série de consequências – geralmente violentas. Em Um Homem Sério não. O personagem vivido pelo genial Michael Stuhlbarg não só é uma pessoa "comum", mas é também o que poderíamos chamar de "homem bom". Não comete nenhuma grande estupidez, nenhum crime (pelo contrário, é mesmo acusado de um crime de extorsão que não cometeu realmente), e, ainda assim, uma tempestade de tragédias despenca sobre sua cabeça. Por quê? Seria a maldição da cultura judaica, mostrada no prólogo do filme (e seria este, então, um comentário dos Coen sobre a jornada trágica dos judeus ao longa da história humana)? Acaba que, diante do final avassalador de Um Homem Sério, ficamos mesmo sem uma resposta concreta – afinal, a vida raramente trás respostas realmente exatas. Mas ganhamos uma pequena obra-prima



Um Sonho Possível
The Blind Side, 2009
John Lee Hancock


Durante boa parte da "corrida" para o Oscar 2010, um filme sobre esporte esteve presente na lista de possíveis indicados a melhor filme: Invictus, de Clint Eastwood. Acusado de "quadrado", clichê e melodramático, no entanto, o retrato da África do Sul de Mandela acabou esquecido, e um outro "filme de esporte" entrou em seu lugar: este Um Sonho Possível (que título sofrível e preguiçoso!), mais conhecido como "o filme pelo qual Sandra Bullock ganhou o Oscar". A verdade é que Um Sonho Possível é tudo o que Invictus foi acusado de ser, e na verdade não era: é um imenso lugar-comum, uma história de superação banal, "quadrada", formulaica, irritante de tão previsível. Não há um momento verdadeiro no filme (ao contrário do que ocorre na obra de Eastwood), e só sendo mesmo muito pouco exigente para conseguir se emocionar com essa bobagem. Ruim, muito ruim.

Ah, e a Sandra Bullock... bem, ela está bem, verdade seja dita. Tem uma personagem carismática nas mãos, e a interpreta com competência. Mas, Oscar? Foi mesmo um ano fraco (Meryl Streep também não merecia, pela bomba Julie & Julia), mas que dessem a estatueta para uma novata, qual o problema? Carey Mulligan e Gabourey Sidibe estavam à disposição. Era só escolher.


Direito de Amar
A Single Man, 2009
Tom Ford


Plasticamente esplendorosa, a novela mexicana Direito de Amar... perdão, my mistake, mas é que com um título como esse... enfim, o filme A Single Man (na verdade, esse título brasileiro merece entrar para a história como um dos piores trabalhos de tradução já realizados no país, o que, levando-se em conta as barbaridades já cometidas por aqui neste campo, não é pouco) peca por seu roteiro vazio. O estilista Tom Ford, em sua estreia como diretor de cinema, parece contentar-se em criar uma imagem mais bela que a outra - algo que faz com imenso talento, especialmente através das mudanças no tom da fotografia que, confesso, me conquistaram –, mas esquece de contar a poderosa história de amor que tinha em mãos. Daí, resta para salvar o filme, além de seu visual, um impressionante Colin Firth: o ator inglês, tradicional coadjuvante de comédias e dramas românticos, constrói um protagonista sofrido, melancólico, encantador em sua dolorosa solidão, e, acima de tudo, humano. Firth preenche a tela em momentos de silêncio absoluto, e nem mesmo uma ótima Julianne Moore consegue competir com sua presença magnética. Talvez fosse o caso de dizer que Direito de Amar pertence a Colin Firth. Mas não: o filme, em toda sua fragilidade, pertence mesmo a Tom Ford, o que acaba sendo uma pena.

segunda-feira, 22 de março de 2010

[ilha do medo]

Ilha do Medo

Shutter Island, 2010
Martin Scorsese


Quando iniciei a leitura de Shutter Island, de Dennis Lehane, a expectativa era alta: afinal, tratava-se da obra na qual se basearia o próximo filme de Martin Scorsese. Quando a encerrei, tive a certeza de que este seria um trabalho menor do diretor, por mais que seu talento fosse capaz de transformar uma trama que tem um quê de banalidade em algo denso e interessante. Lehane já foi adaptado para o cinema em outras duas ocasiões, e o resultado foi o mesmo: tanto Sobre Meninos e Lobos quanto Medo da Verdade são histórias impactantes, que trafegam com desenvoltura entre o drama e o comentário social, com uma gama de personagens que são, acima de tudo, humanos - e, logo, complexos. Shutter Island, por mais que tenha figuras interessantes, especialmente seu protagonista, lembra em muitos momentos uma história detetivesca barata e, quando promove uma reviravolta em sua narrativa, do tipo "nada é o que parece ser", reforça ainda mais esse tom pouco sério.
O filme de Scorsese, Ilha do Medo, também padece de parte deste problema. O diretor não consegue fugir completamente da fraqueza do texto de Lehane, e acaba apelando, no final, para a típica e irritante sequência em que um personagem explica ao protagonista (e ao espectador) todos os segredos da trama, coloca todos os pingos nos is, didaticamente. No entanto, Scorsese, sabiamente, aproveita-se desse texto fraco para construir um filme que é basicamente um grande trabalho de direção. Se a história é datada e banal, por que não homenagear tantos filmes de horror que marcaram justamente por sua banalidade?
O diretor então apela para a construção de uma atmosfera de insanidade sufocante, e mergulha fundo na loucura dos personagens que habitam a narrativa de Ilha do Medo - especialmente de seu protagonista, vivido por um Leonardo DiCaprio, no mínimo, inspirado. Assim, o filme se torna um entretenimento de qualidade, envolvente e tenso, ao mesmo tempo que não deixa de ser mais um estudo sobre a loucura promovida por Scorsese.
Parece-me, neste sentido, que os diálogos estabelecidos pelo diretor não são tão fortes com O Iluminado, de Kubrick, como muitos vêm apontado, mas com outras duas matrizes. Em primeiro lugar, com o ótimo Paixões que Alucinam, de Samuel Fuller (a quem Scorsese admira profundamente), que conta a história de um jornalista que, para investigar um crime cometido em um manicômio, interna-se no local, passando-se por louco - o desenrolar dos fatos em Ilha do Medo tem tudo a ver com o que acontece no filme de Fuller. E, em segundo, com a própria filmografia de Scorsese, que está povoada de loucos, maníacos e descontrolados. Que o digam Johnny Boy, Travis Bickle, Jake La Motta, Tommy DeVito, Max Cady, Bill "The Butcher", Howard Hughes, Frank Costello...

sexta-feira, 19 de março de 2010

[preciosa]

Preciosa - Uma História de Esperança
Precious: Based on the Novel Push by Sapphire
Lee Daniels, 2009


Preciosa é o típico filme indie com "consciência social" que, vez ou outra, aparece na cena cinematográfica norte-americana. Talvez seja um primo distante de um Crash, por exemplo. E, assim como no polêmico filme de Paul Haggis, é difícil simplesmente aprovar ou desaprovar o que se vê.
Se, por um lado, é praticamente impossível permanecer impassível diante dos acontecimentos mostrados – até porque, neste caso, trata-se de uma personagem que é a definição ambulante de tragédia –, por outro, não dá para não enxergar uma postura vez ou outra apelativa, que parece querer chocar pela superexposição dos dramas alheios. E se a sucessão de tragédias na vida de Claireece Precious Jones causa empatia pela protagonista e comoção, também serve para fortalecer esse possível caráter manipulativo do trabalho de Lee Daniels, já que seja a ser inacreditável que tal sucessão de desgraças possa ocorrer a uma única pessoa.
No fim das contas, porém, o que fica, a imagem que permanece ao término de Preciosa, é a de suas duas principais intérpretes. Gabourey Sidibe, que consegue fazer de Precious uma figura palpável, verossímil e comovente diante de tamanha tragédia (a interpretação da jovem atriz traz à memória, imediatamente, o inesquecível desempenho de Whoopi Goldberg em A Cor Púrpura); e Mo'Nique, cuja proeza é ainda maior: transformar em ser humano um verdadeiro monstro – e sua cena final é sintomática do êxito da atriz nesse sentido. São essas duas grandes mulheres que salvam Preciosa da pieguice e do dramalhão, criando um filme cativante que consegue passar, apesar de todos os pesares, uma impressão de honestidade – algo fundamental em uma obra na qual qualquer pequeno deslize poderia transformá-la em um poço de artificialidade, inverossimilhança e apelação barata.

P.S.: Paula Patton é a coisa mais linda do mundo. Quero para mim...

sábado, 13 de março de 2010

Invictus



Clint Eastwood costuma flertar perigosamente com os mais costumeiros clichês do cinemão norte-americano. Afinal, a história de uma garota pobre que vê no boxe sua única possibilidade de sucesso, ou a de uma mãe amorosa em busca de seu filho desaparecido, ou a de um velho ranzinza e preconceituoso que acaba revendo seus conceitos ao ter de lidar com os mesmos imigrantes que ele tanto abomina não são exatamente exemplos de originalidade. Em Invictus, esse flerte parece ainda mais intenso. Afinal, é, ao mesmo tempo, um filme de esporte e um recorte biográfico-político na vida de um grande líder mundial, ou seja, representa dois "gêneros" que costumam abraçar sem nenhum embaraço mensagens edificantes constrangedoras e lugares-comuns irritantes.
O curioso é que, assim como em Menina de Ouro, A Troca e Gran Torino, Eastwood de fato abraça esses clichês, ou ao menos não os nega. Mas trabalha com eles sempre num tom abaixo do esperado. O diretor não os subverte, mas os transforma em algo palatável, verossímil. Nesse sentido, Invictus, um filme que pende naturalmente para a grandiosidade (afinal, estamos falando de Nelson Mandela e do evento mais importante de uma modalidade esportiva razoavelmente popular, a Copa do Mundo de rugby) – o que consequentemente levaria às lágrimas em abundância –, é um trabalho bastante intimista. Ok, não tanto quanto a trajetória de Maggie Fitzgerald, mas este é decididamente um filme sobre pequenas coisas. Pequenas coisas das quais nos acostumamos a esquecer e que, quando lembradas, acabam se tornando grandes. E é aqui, mais do que no uso de clichês, que Invictus mais se assemelha aos trabalhos anteriores de Eastwood. Ou seja, pode ser chamado de previsível, manipulativo, lacrimoso, meloso... mas, com todos seus defeitos (e eles existem), é absolutamente irresistível, emocionalmente falando. Irresistível porque verdadeiro. Talvez Clint Eastwood esteja se revelando um dos grandes humanistas de nosso tempo.

P.S.: como é bom ver Morgan Freeman num papel que ele nasceu para interpretar...


Invictus 
Invictus, 2009
Clint Eastwood

terça-feira, 9 de março de 2010

[oscar 2010 - impressões]


E eis que no tão aguardo confronto de Davi contra Golias entre Guerra ao Terror e Avatar, a qualidade prevaleceu sobre a grandiosidade. Como muito bem disse José Wilker (inacreditável, não?) na pífia transmissão da Globo, Avatar já havia conquistado o prêmio que queria: tornar-se a maior bilheteria de todos os tempos, e revolucionar o cinemão hollywoodiano. Mas ele estava longe de merecer o prêmio de "melhor filme do ano". Este deveria ir para cinema de verdade, e não para uma atração de parque de diversões. E a Academia, que vez ou outra comete suas injustiças, dessa vez acertou em cheio. Merece palmas pela coragem de premiar um filme forte, ousado e impactante, mesmo que um fracasso de bilheteria. E podem até argumentar que a vitória de Kathryn Bigelow foi uma jogada esperta, na véspera do Dia Internacional da Mulher e tal... mas a verdade é que seu trabalho em Guerra ao Terror é qualquer coisa de excepcional, e o prêmio foi mais do que merecido. O Oscar fez história, mas fez também justiça.
Mas nem só de acertos foi feita a maior premiação do cinema. Duas pequenas, mas sentidas, injustiças foram cometidas. Em primeiro lugar, por mais que o filme de Bigelow seja maravilhoso, o melhor roteiro original do ano de 2009 foi o de Bastardos Inglórios, e ponto. Queria muito ver Tarantino no palco, recebendo seu segundo Oscar. Uma pena. Outro que queria ter visto levando uma estatueta dourada para casa é o gênio Michael Haneke. Sua obra-prima A Fita Branca, até então favorita na categoria filme estrangeiro, foi surpreendida pelo argentino O Segredo de Seus Olhos (que ainda não vi mas que, vindo de Juan José Campanella, não duvido que seja mesmo um grande filme), e saiu de mãos vazias do Oscar - ainda perdeu o prêmio de melhor fotografia, para Avatar (outra injustiça, aliás). Coisas estranhas costumam acontecer na escolha do melhor estrangeiro quase todos os anos e, de certa forma, era esperada alguma surpresa por aqui. E confesso que, já há algum tempo, vinha acreditando que o filme de Campanella sagraria-se vencedor. Então, Wallace, por que não apostou nele em seus palpites finais aqui no blog? Muito simples: na semana passada revi A Fita Branca, e me encantei ainda mais com o trabalho de Haneke. Seu filme é uma porrada. E um dos melhores da década. Ou seja, na hora de apostar, ao invés de seguir a razão, deixei o lado torcedor falar mais alto. E me dei mal.

P.S.: como fui obrigado a, mais uma vez, acompanhar a cerimônia pela Rede Globo, não deu para aproveitar muito os bons momentos da noite. Mas vale registrar, no anúncio dos concorrentes a melhor ator, a divertida apresentação feita por Tim Robbins sobre Morgan Freeman. Brilhante.