Devo estar ficando velho, rabugento e nostálgico, porque a maior parte das coisas boas que o grande público vem enxergando em O Homem de Aço para mim não passam de pirotecnia barata e preguiçosa e de excesso de pretensão. Trazer Superman para o "mundo real" é uma premissa arriscada e possivelmente equivocada mas, se é disso que o povo gosta atualmente, nada mais coerente que ter Christopher Nolan no roteiro e na produção. O problema é que Nolan é um sujeito cada vez mais megalomaníaco (alguém ainda se lembra que foi ele quem escreveu e dirigiu o pequeno e ousado Amnésia?) e pouco ajuda entregar a direção de um filme como esse para Zack Snyder, outro adorador de espetáculos visuais grandiosos. O resultado do encontro é desastroso e até estranho: O Homem de Aço não tem a sobriedade de um Batman Begins e tampouco os histrionismos estéticos de outras adaptações de quadrinhos comandadas por Snyder, como 300 e Watchmen. Na verdade, o filme parece um Transformers sem robôs gigantes (ainda que as naves kryptonianas possam assumir esse papel), com suas cenas de ação frenéticas e intermináveis, que praticamente levam Metrópolis ao chão. Quando o confronto entre Superman e Zod chega ao fim, dá até vontade de perguntar: Michael Bay passou por aqui?
É verdade que há coisas boas no longa: a primeira metade da narrativa flui bem, com os constantes flashbacks típicos do cinema de Nolan ajudando na construção da personalidade de Clark Kent; o elenco é quase todo competente, sendo Kevin Costner o destaque absoluto, em sua pequena e comovente participação; e Snyder consegue criar um ou outro momento icônico (a morte de Jonathan Kent, a primeira aparição do Superman, a conclusão do confronto entre o herói e Zod, Clark criança posando com uma capa vermelha improvisada). Mas todos esses pequenos acertos não fazem cócegas no gigante desastrado que é O Homem de Aço, um filme que engana bem com a promessa de ser uma história dedicada aos seus personagens, até o momento em que a sanha destruidora de seus realizadores entra em cena para encobrir essa promessa com grandes quantidades de poeira, destroços e barulho.
2 comentários:
O "Super-Homem" sempre foi o super-herói que eu menos gostei. Sabia que eu ia também achar esse filme uma m..., mas não sei porque ainda quis crer que poderia estar errado. Número exagerado de tragédias, coisas acontecendo rápido demais... Eu, hein!?
Brenno, gosto dos dois filmes da década de 1970. Gosto muito até. Mas acho que, no fundo, compartilho contigo esse desinteresse pelo personagem, que me parece limitado em suas possibilidades de desenvolvimento dramático. E confesso que também criei expectativas positivas quanto a "O Homem de Aço", esperava algo, talvez, no nível do irregular mas empolgante "O Cavaleiro das Trevas Ressurge". Não passou nem perto.
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