O que mais impressiona em Videogramas de uma Revolução é como os envolvidos no movimento que levou ao fim do regime comunista na Romênia em 1989 lutam desesperadamente pelas imagens do que estava acontecendo. Câmeras de vídeo pululam aqui e ali (vale lembrar, numa era anterior aos Iphones e Ipads), jornalistas bradam pela preservação da emissora estatal de tv, que é ocupada pelos revolucionários quase com o mesmo furor que eles tomam o palácio presidencial. Controlar as imagens transmitidas para a população significava, afinal, ditar os rumos do país. O ditador Nicolau Ceausescu e sua esposa Elena, capturados, julgados e executados, só morrem oficialmente quando têm seus corpos inertes mostrados numa televisão que, no filme, é filmada por uma outra câmera - que, por sua vez, é filmada por uma terceira câmera. É como se a história, na contemporaneidade, só pudesse existir quando registrada em imagens, algo que a voz que narra Videogramas de uma Revolução sintetiza perfeitamente ao dizer: "Desde sua invenção, o filme parece ter, como principal objetivo, tornar visível a História. Conseguiu mostrar o passado e pôr o presente em cena. Vimos Napoleão a cavalo e Lenin no trem. Foi possível inventar o filme porque havia história para contar. Sem que se percebesse, em dado momento a página foi virada. Ao ver o filme pensamos: se o filme é possível, então a História também é."
Videogramme einer Revolution, 1992
Harun Farocki e Andrei Ujica
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