quinta-feira, 18 de agosto de 2011


[super 8]

Super 8
Super 8, 2011
J.J. Abrams


Filmes nostálgicos costumam ser pequenas pérolas. Ter J.J. Abrams dirigindo uma trama de suspense que remete diretamente a Contatos Imediatos do Terceiro Grau, E.T. - O Extraterrestre e Os Goonies era praticamente certeza de "filme mais delicioso do ano". Mas, por algum motivo, Super 8 não consegue concretizar o que prometia, apesar de chegar bem perto disso.
O maior mérito de Abrams está no tratamento dado a seus protagonistas mirins. Assim como as crianças de Os Goonies e E.T., os pequenos de Super 8 são o motor do filme: adoráveis, espertos, donos de diálogos memoráveis, mas sempre crianças, nunca além disso. Elle Fanning é o inevitável destaque, mas Riley Griffiths e Joel Courtney também são descobertas preciosas feitas por Abrams. As relações entre esses personagens e deles com suas respectivas famílias tornam Super 8 um filme emocionalmente cativante - e mesmo doloroso, no caso do personagem de Courtney. O diretor traz, no melhor estilo Spielberg, a família para o centro de uma trama de mistério e ficção-científica, e torna tudo muito mais emocionante. Talvez seja preciso ter crescido assistindo E.T. para se emocionar com a cena final do cordão, não sei. Em mim, funcionou muito bem.
O que atrapalha Super 8 e o impede de se tornar memorável é o tal mistério em si. Tomando Spielberg como base, Abrams poderia seguir Tubarão, e esconder seu monstro o máximo possível, fazendo dele um vilão abominável quando finalmente surgisse na tela, ou E.T., mostrando o alienígena a todo tempo, humanizando-o e tornando os humanos (adultos, claro) os verdadeiros vilões da história. No entanto, o diretor parece querer fazer as duas coisas, e aí seu filme sai dos trilhos (não, isso não foi um trocadilho). A ameaça que demoramos a ver cria uma expectativa que é frustrada quando, enfim diante de nossos olhos, o monstro de Super 8 passa por um não muito bem-sucedido processo de humanização. Não nos importamos suficientemente com ele, e nem o tememos como talvez devêssemos temê-lo.

3 comentários:

ANTONIO NAHUD disse...

Bacana o seu blog.
Cumprimentos cinéfilos!

O Falcão Maltês

Alan Raspante disse...

Ainda não assisti. Tenho vontade, mas não chega a ser tanta... Consigo esperar o lançamento em DVD, rs

Abs :)

Rafael Carvalho disse...

Acho que existe no filme toda uma carga de referencialidade muito gostosinha, mas que acaba por tirar um traço de originalidade que o filme poderia ter. Tudo é muito colado de uma série de referências que a gente carrega. Também concordo que o mistério é um tanto decepcionante, mas no filme isso me parece menos importante do que no material de divulgação do projeto. De qualquer forma, é uma experiência delicisíssima.