Ridley Scott e seus épicos. Da chatice sem fim 1492 - A Conquista do Paraíso aos legais Gladiador e Cruzada, o cineasta inglês sempre demonstrou uma verdadeira obsessão com os chamados "filmes históricos" (poderíamos incluir aqui também seu primeiro longa-metragem, o ótimo Os Duelistas, mas vale lembrar que tal filme possui um clima muito menos megalomaníaco do que seus trabalhos posteriores nesse gênero).
Mas sempre, mesmo no malfadado trabalho sobre Cristóvão Colombo, ele conseguiu manter ao menos um certo grau de qualidade, e demonstrar alguma relevância para suas realizações. Robin Hood é o oposto de tudo isso. É o primeiro "filme histórico" de Scott que, definitivamente, não tem nenhuma razão de ser. Quer dizer, até tinha: a ideia de apresentar a história do ladrão/herói de uma forma mais realista não era de todo ruim; também era boa a proposta inicial do diretor, de contar tal história sob o ponto de vista do tradicional vilão Xerife de Nottingham.
Mas o Robin Hood de Scott não é nem uma coisa nem outra. É um épico confuso, com uma quantidade gigantesca de acontecimentos que só atrapalham a boa fluência da narrativa (especialmente em sua metade final, quando tanta coisa acontece em tão pouco tempo que entender o filme se torna uma missão quase impossível). E é uma obra recheada com todos os lugares-comuns do gênero (o herói honrado e seus companheiros engraçados, o vilão ganacioso, o rei fraco, o casal que briga, briga, mas se apaixona, e assim por diante). Cadê o realismo, sr. Scott?! Ou será que, para o diretor, ser realista é simplesmente filmar batalhas com câmera tremida, ou tentar copiar O Resgate do Soldado Ryan em uma grande sequência de ação? O Xerife de Nottingham, por sua vez, outrora interpretado com tanto talento por Alan Rickman, foi aqui relegado ao papel mínimo, sem nenhum relevância - ao que parece, seu embate com Robin ficou para uma continuação que, se há alguma justiça nesse mundo, jamais será feita.
Ridley Scott faria muito bem retornando seu olhar para o século XX (como bem mostrou o recente O Gângster, seu melhor filme em muito tempo) ou, quem sabe, para o futuro. Seria bom, enquanto ainda lembramos que esse é o mesmo sujeito responsável por obras-primas como Alien e Blade Runner. Robin Hood? Saudades do Kevin Costner, e do Bryan Adams cantando "everything I do, I do it for you..."
5 comentários:
Este eu deixo passar. Não sou fã da história e nem de Russel Crowe.
http://cinema-em-dvd.blogspot.com/
Eu costumo gostar do Russell Crowe, mas aqui ele está tão ruim como todo o resto do filme...
Nunca vi o "Robin Hood" com Costner. Talvez veja em preparação a este, que encaro esta semana. Não espero muito.
O ROBIN HOOD do Kevin Reynolds, com Costner, Morgan Freeman e Alan Rickman no elenco, é uma aventura deliciosa. Vale a pena assistir. Tenho curiosidade de conhecer a versão mais clássica, com Errol Flynn no papel principal...
Chega a ser desanimador ver como um cineasta tão inventivo em seus primeiros filmes, tenha se acomodado à maquina hollywoodiana de fazer filmes de ação sem a menor emoção. Robin Hood é mais um dos resultados pífios da filmografia recente de Scott. Como ele deve estar ganhando bastante dinheiro fazendo essas porcarias, ele deve continuar assim por um bom tempo. Uma pena.
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