[o escritor fantasma]
The Ghost Writer, 2010
Roman Polanski
É difícil assistir ao novo filme de Roman Polanski, O Escritor Fantasma, e não se lembrar daquele que talvez seja, até hoje, seu melhor trabalho: Chinatown. Exatamente como na obra-prima de 1974, há aqui um protagonista "comum", um ser humano médio que acaba envolvido com poderes contra os quais não tem força para lutar - e é justamente sua insistência nesse embate a causa de sua ruína. É bem verdade que essa é uma premissa presente em quase toda a filmografia de Polanski, de Rosemary (em sua luta contra o demônio) a Wladyslaw Szpilman (contra os nazistas), mas O Escritor Fantasma e Chinatown estão mais próximos por tratarem, ambos, de poderes mais mundanos (em oposição ao sobrenatural de O Bebê de Rosemary) e mais subentendidos, escusos (diferentemente do poder instituído de O Pianista).
E, assim como no filme protagonizado por Jack Nicholson, a grande força aqui está na forma como Polanski conduz uma trama que é ao mesmo tempo extremamente complexa e demasiado simples. O que poderia
ser uma história batida de conspiração, daquelas contadas aos montes em Hollywood, se transforma em um filme envolvente e elegante, carregado de tensão e de uma estranha melancolia. Por mais que torçamos pelo protagonista, ele jamais se transforma em um herói, no sentido tradicional do termo: o escritor sem nome de Ewan McGregor (excelente) é um sujeito absurdamente comum, e ganha nossa simpatia justamente por bater de frente com pessoas que estão dispostas a simplesmente esmagá-lo - algo que certamente farão. Exatamente como o Jake Gittes de Chinatown.
Essa aproximação entre os dois trabalhos é coroada com um final devastador, filmado com brilhantismo por Polanski (me refiro ao epílogo como um todo, do bilhete que passa de mão em mão à impactante última imagem). No alto de seus 76 anos, e mais de 35 anos depois de Chinatown, vivendo tudo o que está vivendo, o diretor consegue criar um momento cinematográfico que, arriscaria dizer, é tão memorável quanto ouvir a já icônica "Esquece, Jake. Isso é Chinatown".
E, assim como no filme protagonizado por Jack Nicholson, a grande força aqui está na forma como Polanski conduz uma trama que é ao mesmo tempo extremamente complexa e demasiado simples. O que poderia
ser uma história batida de conspiração, daquelas contadas aos montes em Hollywood, se transforma em um filme envolvente e elegante, carregado de tensão e de uma estranha melancolia. Por mais que torçamos pelo protagonista, ele jamais se transforma em um herói, no sentido tradicional do termo: o escritor sem nome de Ewan McGregor (excelente) é um sujeito absurdamente comum, e ganha nossa simpatia justamente por bater de frente com pessoas que estão dispostas a simplesmente esmagá-lo - algo que certamente farão. Exatamente como o Jake Gittes de Chinatown.
Essa aproximação entre os dois trabalhos é coroada com um final devastador, filmado com brilhantismo por Polanski (me refiro ao epílogo como um todo, do bilhete que passa de mão em mão à impactante última imagem). No alto de seus 76 anos, e mais de 35 anos depois de Chinatown, vivendo tudo o que está vivendo, o diretor consegue criar um momento cinematográfico que, arriscaria dizer, é tão memorável quanto ouvir a já icônica "Esquece, Jake. Isso é Chinatown".
Um comentário:
Polanski é sempre interessante, e quero muito conferir este aí, ainda inédito na minha cidade.
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