[oscar 2010 - impressões]
E eis que no tão aguardo confronto de Davi contra Golias entre Guerra ao Terror e Avatar, a qualidade prevaleceu sobre a grandiosidade. Como muito bem disse José Wilker (inacreditável, não?) na pífia transmissão da Globo, Avatar já havia conquistado o prêmio que queria: tornar-se a maior bilheteria de todos os tempos, e revolucionar o cinemão hollywoodiano. Mas ele estava longe de merecer o prêmio de "melhor filme do ano". Este deveria ir para cinema de verdade, e não para uma atração de parque de diversões. E a Academia, que vez ou outra comete suas injustiças, dessa vez acertou em cheio. Merece palmas pela coragem de premiar um filme forte, ousado e impactante, mesmo que um fracasso de bilheteria. E podem até argumentar que a vitória de Kathryn Bigelow foi uma jogada esperta, na véspera do Dia Internacional da Mulher e tal... mas a verdade é que seu trabalho em Guerra ao Terror é qualquer coisa de excepcional, e o prêmio foi mais do que merecido. O Oscar fez história, mas fez também justiça.
Mas nem só de acertos foi feita a maior premiação do cinema. Duas pequenas, mas sentidas, injustiças foram cometidas. Em primeiro lugar, por mais que o filme de Bigelow seja maravilhoso, o melhor roteiro original do ano de 2009 foi o de Bastardos Inglórios, e ponto. Queria muito ver Tarantino no palco, recebendo seu segundo Oscar. Uma pena. Outro que queria ter visto levando uma estatueta dourada para casa é o gênio Michael Haneke. Sua obra-prima A Fita Branca, até então favorita na categoria filme estrangeiro, foi surpreendida pelo argentino O Segredo de Seus Olhos (que ainda não vi mas que, vindo de Juan José Campanella, não duvido que seja mesmo um grande filme), e saiu de mãos vazias do Oscar - ainda perdeu o prêmio de melhor fotografia, para Avatar (outra injustiça, aliás). Coisas estranhas costumam acontecer na escolha do melhor estrangeiro quase todos os anos e, de certa forma, era esperada alguma surpresa por aqui. E confesso que, já há algum tempo, vinha acreditando que o filme de Campanella sagraria-se vencedor. Então, Wallace, por que não apostou nele em seus palpites finais aqui no blog? Muito simples: na semana passada revi A Fita Branca, e me encantei ainda mais com o trabalho de Haneke. Seu filme é uma porrada. E um dos melhores da década. Ou seja, na hora de apostar, ao invés de seguir a razão, deixei o lado torcedor falar mais alto. E me dei mal.
P.S.: como fui obrigado a, mais uma vez, acompanhar a cerimônia pela Rede Globo, não deu para aproveitar muito os bons momentos da noite. Mas vale registrar, no anúncio dos concorrentes a melhor ator, a divertida apresentação feita por Tim Robbins sobre Morgan Freeman. Brilhante.
Mas nem só de acertos foi feita a maior premiação do cinema. Duas pequenas, mas sentidas, injustiças foram cometidas. Em primeiro lugar, por mais que o filme de Bigelow seja maravilhoso, o melhor roteiro original do ano de 2009 foi o de Bastardos Inglórios, e ponto. Queria muito ver Tarantino no palco, recebendo seu segundo Oscar. Uma pena. Outro que queria ter visto levando uma estatueta dourada para casa é o gênio Michael Haneke. Sua obra-prima A Fita Branca, até então favorita na categoria filme estrangeiro, foi surpreendida pelo argentino O Segredo de Seus Olhos (que ainda não vi mas que, vindo de Juan José Campanella, não duvido que seja mesmo um grande filme), e saiu de mãos vazias do Oscar - ainda perdeu o prêmio de melhor fotografia, para Avatar (outra injustiça, aliás). Coisas estranhas costumam acontecer na escolha do melhor estrangeiro quase todos os anos e, de certa forma, era esperada alguma surpresa por aqui. E confesso que, já há algum tempo, vinha acreditando que o filme de Campanella sagraria-se vencedor. Então, Wallace, por que não apostou nele em seus palpites finais aqui no blog? Muito simples: na semana passada revi A Fita Branca, e me encantei ainda mais com o trabalho de Haneke. Seu filme é uma porrada. E um dos melhores da década. Ou seja, na hora de apostar, ao invés de seguir a razão, deixei o lado torcedor falar mais alto. E me dei mal.
P.S.: como fui obrigado a, mais uma vez, acompanhar a cerimônia pela Rede Globo, não deu para aproveitar muito os bons momentos da noite. Mas vale registrar, no anúncio dos concorrentes a melhor ator, a divertida apresentação feita por Tim Robbins sobre Morgan Freeman. Brilhante.
2 comentários:
Não sei.
Confesso que minha torcida contra o AVATAR era tão forte que realmente fiquei feliz. Mas ainda sem conseguir ver o filme (estou esperando a cópia prometida por você... mas acho que vou mesmo vê-lo no cinema), acho que acabaria escolhendo "Bastardos Inglórios" como único título genial daquela seleção.
Mas vencemos algumas batalhas, perdemos outras. Cameron faturando esse prêmio seria muito ruim. Um desgosto.
"O Segredo de seus olhos" é ótimo. Mas não é excelente. No meio de uma trama tão bem armada, há alguns deslizes de roteiro. Opinião minha. Poderia facilmente ganhar prêmio... mas como estão falando que FITA BRANCA é genial e, para muitos, o melhor filme de 2009... acho que podemos ter visto alguma injustiça. Para mim, os melhores do ano ainda são "Bastardos Inglórios" e "deixa ela entrar".
Injustiça mesmo achei com PRECIOSA. Gabrielle merecia o prêmio de atriz... mesmo não sendo atriz profissional. E terá poucas outras oportunidades. Sandra fez o melhor de sua carreira, mas longe de ser melhor que as concorrentes.
No mais, foi interessante a resposta da ACADEMIA ao cinema espetáculo. Li da seguinte forma: "adoramos cinema espetáculo. Mas ele precisa ser um pouco mais do que isso"
Ruim mesmo foi "EDUCAÇÃO". O filme mais conservador dos últimos 30 anos... uma pena que tenha uma atuação feminina tão boa
Realmente, Gabriel, BASTARDOS INGLÓRIOS era o grande filme entre os indicados. O melhor de todos. Mas GUERRA AO TERROR também é excepcional, e como BASTARDOS tinha poucas chances, concentrei minha torcida no filme da Bigelow. E deu certo. Se AVATAR ganhasse, imagina como ficaria o ego do Cameron...
Quanto a filme estrangeiro, ainda não vi o do Campanella, mas acredito mesmo que seja muito bom, pois vem do sujeito responsável por O FILHO DA NOIVA... mas... A FITA BRANCA é mesmo obra-prima, e merece todos os prêmios do mundo. Cannes se rendeu, a Academia também deveria ter se rendido.
Sobre EDUCAÇÃO, concordo completamente contigo. Filme conservador e fraco, com uma atriz maravilhosa.
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