sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

[o lobisomem]

O Lobisomem
The Wolfman, 2010
Joe Johnston


O grande acerto deste O Lobisomem está em sua estruturação como um filme de horror à moda antiga, ao invés de apostar em um clima de aventura, como fizeram outras obras recentes que também tentaram recuperar personagens clássicos do gênero - como a trilogia A Múmia e o péssimo Van Helsing. Assim, os diálogos do filme de Joe Johnston são com os filmes de monstros das décadas de 1930 e 1940, e também com uma obra mais recente que conseguiu com êxito recuperar a aura clássica deste tipo de cinema: o belíssimo Drácula de Bram Stoker, que Francis Ford Coppola lançou em 1992.
Assim, O Lobisomem esbanja charme, aposta em efeitos especiais mais tradicionais e num competente trabalho de maquiagem, deixando o CGI em segundo plano, e carrega no clima sombrio e na violência. E tudo funciona muito bem: o visual da criatura é convincente, realista, longe do fake de outros lobisomens do cinema recente; a escuridão do filme acentua a tragédia da história e o elenco traz Benicio Del Toro e Anthony Hopkins inspirados. Só que, vale lembrar, Johnston não é Coppola, e sua história não tem metade da força do longa de 1992. A relação entre os personagens de Del Toro e Emily Blunt, por exemplo, não possui nenhuma profundidade, soando forçada, como que criada somente para atender à necessidade da existência de uma subtrama de amor no roteiro - o que, no contraste com o Drácula de Coppola, que tinha o amor como sua força motriz, só serve para empalidecer O Lobisomem. Entrou em cartaz nos cinemas brasileiros, no mesmo fim de semana do filme de Joe Johnston, o premiado A Fita Branca, do austríaco Michael Haneke, uma obra completamente diferente desta aqui, mas que, inesperadamente, me permitiu algumas digressões sobre um suposto "filme ideal" com o personagem lobisomem: um drama em preto e branco, denso e trágico, e que mergulhasse fundo na psique de seus personagens. E, por que não (?), dirigido por Haneke. Será que seria sonhar um pouco demais?

Um comentário:

Diego Rodrigues disse...

Ainda não assisti, mas tô curioso. Tá bem dividido, uns gostaram outros acaharam um filme besta. Veremos.