segunda-feira, 16 de novembro de 2009

[deixa ela entrar]

Deixa Ela Entrar

Lat den Rätte Komma In, 2008

Tomas Alfredson



Num momento em que toda uma geração parece estar sendo formada tendo como referência de história de vampiro a saga Crepúsculo (livros e filmes), é muito bom ver algo como esse Deixa Ela Entrar (queria poder dizer o mesmo para o sul-coreano Sede de Sangue, mas, infelizmente, a obra de Chan-Wook Park foi uma grande decepção). É impressionante como, ao tratar do envolvimento de uma vampira de 12 anos com um garoto da mesma idade (vividos por dois grandes jovens atores), o diretor Tomas Alfredson consegue fazer um filme mais adulto, mais violento, e mais sexualizado (algo essencial quando se tem esses seres em cena) do que a série de Stephenie Meyer. Alfredson impõe à Deixa Ela Entrar um clima pesado, melancólico, opressivo - bem sueco, na verdade - que delineia um tom trágico bastante propício a histórias de amor envolvendo um vampiro e um ser humano (Drácula, especialmente em sua maravilhosa versão para o cinema de Francis Ford Coppola, está aí para não me deixar mentir). E é isso que o filme é: uma belíssima e delicada história de amor. Não o amor emo de Crepúsculo, com adolescentes com hormônios em ebulição - mas estranhamente abstêmios - se envolvendo com vampiros góticos gente-boa que jogam baseball e não mordem ninguém. Mas sim um amor triste, dolorido, feito de silêncios e incompreensões, mas também de um enorme senso de dedicação mútua - algo que fica claro no epílogo de Deixa Ela Entrar. É um filme sobre a descoberta do amor, sobre a descoberta de como ele pode vir dos lugares mais inusitados, manifestando-se das formas mais inesperadas. E sobre como, a partir de um certo momento, essas diferenças passam a não ter a menor importância diante da força daquele sentimento, e a cumplicidade passa a reinar absoluta.

4 comentários:

Wally disse...

É uma das minhas pendências...

Rafael Carvalho disse...

Deixa Ela Entrar é um sopro de renovação no gênero de vampiros, queria que muito mais pessoas pudessem ver o filme. A relação entre os personagens é criada com a habitual ingenuidade do mundo infantil, muito embora o senso de perigo ronde o filme todo e acaba por ser um brutal retrato da perda da inocência. Trabalho de som é fenomenal!

Wallace Andrioli Guedes disse...

Pois é, Rafael, mas essas pessoas que poderiam assisti-lo vão preferir, infelizmente, Lua Nova...

Gabriel F. Marinho disse...

É um dos melhores filmes de 2009. Levado com uma delicadeza incrível. Como o Wallace já disse muita coisa do filme que concordo, e como falar muito sobre o epilogo é estragar uma grande sugestão do roteiro; peço que os futuros expectadores prestem atenção no conceito de 'morte' que ronda o filme.
Como que as crianças, que estão aprendendo a lidar com essa questão nessa idade, podem construir formas bem diferentes de lidar com a morte do que os adultos.