quinta-feira, 30 de julho de 2009

[a mulher invisível]

A Mulher Invisível
A Mulher Invisível, 2009
Cláudio Torres


Talvez devesse ser motivo de celebração o recente sucesso de comédias brasileiras como Se Eu Fosse Você e sua continuação, Divã, e esse A Mulher Invisível. Afinal de contas, o público está indo ao cinema assistir a filmes nacionais, argumentam alguns. Bem, eu prefiro lamentar que estejam indo para assistir a filmes como esses e, pior, elogiando-os, considerando-os como o fino do cinema brasileiro (afinal de contas, diriam alguns supostos entendidos, baseando-se em um irritante senso comum, filme brasileiro até agora só tem nudez, sexo, palavrão e violência...).
Pois bem, no entanto, não lamento o sucesso desse A Mulher Invisível (e de seus congêneres) simplesmente por se tratar de uma comédia. Pelo contrário, tenho consciência da importância do gênero para o cinema do país, e do fato de que, boa parte de suas maiores bilheterias são filmes de humor (esse, aliás, é um fenômeno a ser estudado). O que me irrita é o fato de A Mulher Invisível ser um filme ruim. Muito ruim. Parece um especial de TV (poderia ser tranquilamente exibido numa noite de sexta-feira na Rede Globo, logo após o Globo Repórter), dando continuidade a essa invasão que a linguagem televisiva vem promovendo no cinema nacional. É bobo, rasteiro, previsível, água-com-açúcar... e há ainda um Selton Mello péssimo, histriônico, chato, irritante (e pensar que simultaneamente em cartaz está Jean Charles, onde o ator faz um belo trabalho).
O maior problema de A Mulher Invisível, no entanto, é que, ao contrário, por exemplo, de Se Eu Fosse Você, o filme de Cláudio Torres possui uma premissa que poderia, sem grandes dificuldades, gerar um resultado de alta qualidade. Uma comédia de humor negro, com um homem amargurado lidando com suas fantasias etc. Não é preciso pensar muito, vai. Quem sabe com um Heitor Dhalia no comando... mas Torres opta claramente por tentar dialogar com um público cada vez mais ávido por ir ao cinema para assistir televisão. Nesse sentido, ele obtém total êxito. O que é uma pena.

4 comentários:

Ricardo Nespoli disse...

Eu não concordo plenamente com tudo o que você diz, até por que acho importante que exista o cinema-pipoca para dar credibilidade (financeira, eu digo) ao cinema brasileiro... Mas concordo quando fala de Mulher Invísivel, eu também achei chato e desnecessário... Costumo dizer que tirando as cenas que é impossível não rir (assim, mesmo fora de qualquer contexto ver o Selton Mello dançando daquela forma sem ninguém seria engraçado) o filme é todo tedioso e monótono... Uma pena, mas é a cara do Fernando Torres mesmo...

Wallace Andrioli Guedes disse...

Opa, Cláudio Torres. Fernando é o pai dele...
Então, minha irritação não é tanto pelo fato de esse tipo de filme existir, mas pela forma como o público brasileiro o recebe.

Diego Rodrigues disse...

Resolvi não passar perto de A Mulher Invisível, tive uma premonição de que o filme não seria bom! Porém, devo confessar que a visão da Luana Piovani semi-nua o filme inteiro quase me levou ao cinema...

Brincadeiras à parte, por um lado é bom o público ir cada vez mais ao cinema. Mas se pararmos para analisar, os filmes-globo que vão fazer sucesso no cinema não acrescentarão nada pra ninguém e ainda não vão dar oportunidade para cineastas talentosos tentarem realizar algum trabalho decente. E então vamos ver diretores de televisão como Cláudio Torres, Daniel Filho, Wolf Maya se aventurar no cinema. E ferrar tudo! :D Ah, me irrito com o público brasileiro criado a novela, pelo amor de Deus! Tem que botar Lost, Dexter, House nesses horários nobres legendado rpa essas pessoas pensarem um pouco.

Vou parar de falar porque eu me empolgo...

Rafael Carvalho disse...

Também achei terrível, uma bomba. O por é que tanto o cartaz quando o trailer do filmes nos enganavam porque os verdadeiros protagonistas eram os personagens de Selton e Maria Manoela (que nem aparece no material de divulgação, uma forma de vender uma comédia romântica à lá besteirol americano, coitada). Tudo é muito rasteiro, frágil, em busca daquela coisa da piada física. Luana Piovani nunca foi atriz e Selton está totalmente desperdiçado! Uma pena que essas sejam as grandes bilheterias brasileiras.