sábado, 15 de fevereiro de 2014

Caçadores de Obras-Primas



Caçadores de Obras-Primas tem como principal referência aqueles saudosos "filmes de missão" passados na Segunda Guerra Mundial, nos quais o clima de aventura sobrepuja a seriedade do momento retratado e os nazistas são apresentados como antagonistas incontestes dos sempre bem-intencionados Aliados (um bom exemplo aqui é o ótimo Os Doze Condenados, de Robert Aldrich). Se esse maniqueísmo passa longe de configurar um problema - ainda mais depois que Bastardos Inglórios (que, aliás, também homenageia o subgênero em questão) deu um importante grito de liberdade do cinema em relação às obrigações de fidelidade histórica -, o filme de George Clooney peca por ser surpreendentemente insosso.

O envolvimento da turminha de Clooney no projeto parecia sugerir, na pior das hipóteses, um Onze Homens e Um Segredo de época e, na melhor, um novo Argo. Mas o resultado não chega perto nem de um, nem de outro. Caçadores de Obras-Primas se arrasta ao longo de suas quase duas horas, incapaz de despertar o interesse do espectador pela louvável missão na qual seus personagens estão engajados, enquanto consegue a proeza de desperdiçar até o talento cômico de Bill Murray e John Goodman, atores que costumam ser engraçados mesmo quando pouco inspirados ou em papéis não muito memoráveis. Completando o elenco, o próprio Clooney, Matt Damon, Jean Dujardin e Cate Blanchett, todos devidamente oscarizados, desfilam pela tela sem entregar um mísero momento em cena que valha a pena ser lembrado. Mas quem sai com a imagem mais arranhada disso tudo é mesmo o Clooney diretor, por seu trabalho burocrático e preguiçoso que não imprime à narrativa um ritmo minimamente ágil, adequado a esse tipo de filme. Ao final, fica a frustração de ver uma boa história contada com tanto desleixo, ao mesmo tempo que surge uma vontade quase irresistível de rever Bastados Inglórios. Ou, até mesmo, Operação Valquíria.


Caçadores de Obras-Primas 
The Monuments Men, 2014
George Clooney

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