segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Paris-Manhattan



Woody Allen construiu seu cinema se referenciando nas obras de outros cineastas mas, aos 77 anos de idade e mais prolífico que nunca, o diretor vive um momento em que seus próprios filmes já se tornaram referências para diretores mais jovens. A comédia romântica francesa Paris-Manhattan, de Sophie Lellouche, é um caso explícito disso: Allen está presente do título (que remete a Manhattan, uma de suas obras-primas) à protagonista do longa (mulher apaixonada pelos filmes do diretor nova-iorquino, com quem chega, inclusive, a ter diálogos imaginários), além de fazer uma rápida e divertida participação em sua parte final.

No entanto, apesar de partir de uma boa ideia, o trabalho de Lellouche é muito fraco. Há uma incômoda necessidade de inchar uma narrativa que claramente carece de conflitos, o que torna o filme um tanto forçado na maior parte do tempo - talvez, no fim das contas, Paris-Manhattan pudesse ser um delicioso curta-metragem. Qual a importância que o repentino alcoolismo de uma determinada personagem tem para a trama, por exemplo? Por que dedicar tanto tempo a uma boba investigação sobre possíveis relações extra-conjugais do cunhado da protagonista? A resposta parece estar justamente na dificuldade da diretora/roteirista de transformar uma premissa boa num longa com substância, mesmo que dotado de um tom leve. Há muito pouco de Woody Allen em Sophie Lellouche. 


Paris-Manhattan 
Paris-Manhattan, 2012


Sophie Lellouche

Um comentário:

Rafael Carvalho disse...

Acho um saquinho esse filme. Tenta emular uma certa atmosfera alleniana, mas acaba sendo mesmo desinteressante a maior parte do tempo. Facilmente esquecível.