26 de novembro de 2007. Essa foi a data em que assisti, no cinema, Planeta Terror, de Robert Rodriguez. Definitivamente, é vergonhoso que, somente após quase 3 anos, seu filme-irmão, À Prova de Morte, de Quentin Tarantino, entre em cartaz no Brasil. Nesse intervalo, campanhas foram criadas por cinéfilos, e muitas pessoas começaram a defender que simplesmente lançassem-no direto em DVD, desde que tivessem a oportunidade de assistir a, até pouco tempo, nova obra de Tarantino. Pois bem, como todos sabem, Bastardos Inglórios chegou aos cinemas brasileiros, e nada de À Prova de Morte. É difícil entender tanta demora, principalmente por se tratar de um filme que, se não é um blockbuster, tem, indubitavelmente, um bom potencial de bilheteria - basta ver o êxito comercial de Bastardos. E o mais lamentável é que, além de ser o trabalho de um diretor reconhecidamente talentoso e sempre original, este é verdadeiramente um ótimo filme - ainda que seja, provavelmente, o "menos bom" do cineasta nessa década, que teve, além de Bastardos Inglórios, os dois volumes de Kill Bill.
Em primeiro lugar, À Prova de Morte é consideravelmente superior ao longa de Rodriguez. Enquanto aquele exagerava na tosqueira para contar sua história de zumbis, Tarantino aposta na sua capacidade de criar diálogos memoráveis, e seu filme é quase totalmente estruturado a partir das conversas entre seus personagens - e a fluência acelerada desses diálogos, o brilhantismo absoluto de alguns deles, parece exigir bastante de um elenco impecável, com destaque para Rose McGowan (que também roubara a cena em Planeta Terror) e para um inspirado Kurt Russell, que cria um vilão impagável, repulsivo e adorável ao mesmo tempo, e difícil de esquecer (é uma interpretação digna de prêmios, mas como geralmente filmes como esse não costumam ser considerados para tais, o show de Russell acabou passando batido para muitos). Quando parte para cenas de ação, no entanto, a qualidade não cai. São duas maravilhosas perseguições de carro, eletrizantes, violentas e irresistivelmente divertidas. A brutalidade da primeira, filmada com um misto de realismo e exagero que só Tarantino consegue dosar corretamente, é complementada pela tensão da segunda, que leva ao final deliciosamente catártico de À Prova de Morte. Diz-se que downloads não autorizados de filmes é crime. Sinceramente? Crime é levar tanto tempo para permitir que uma obra como essa seja assistida, seja qual for o motivo misterioso dessa falta de respeito.
* Texto originalmente publicado, com algumas modificações, em 09 de Janeiro de 2010.
Em primeiro lugar, À Prova de Morte é consideravelmente superior ao longa de Rodriguez. Enquanto aquele exagerava na tosqueira para contar sua história de zumbis, Tarantino aposta na sua capacidade de criar diálogos memoráveis, e seu filme é quase totalmente estruturado a partir das conversas entre seus personagens - e a fluência acelerada desses diálogos, o brilhantismo absoluto de alguns deles, parece exigir bastante de um elenco impecável, com destaque para Rose McGowan (que também roubara a cena em Planeta Terror) e para um inspirado Kurt Russell, que cria um vilão impagável, repulsivo e adorável ao mesmo tempo, e difícil de esquecer (é uma interpretação digna de prêmios, mas como geralmente filmes como esse não costumam ser considerados para tais, o show de Russell acabou passando batido para muitos). Quando parte para cenas de ação, no entanto, a qualidade não cai. São duas maravilhosas perseguições de carro, eletrizantes, violentas e irresistivelmente divertidas. A brutalidade da primeira, filmada com um misto de realismo e exagero que só Tarantino consegue dosar corretamente, é complementada pela tensão da segunda, que leva ao final deliciosamente catártico de À Prova de Morte. Diz-se que downloads não autorizados de filmes é crime. Sinceramente? Crime é levar tanto tempo para permitir que uma obra como essa seja assistida, seja qual for o motivo misterioso dessa falta de respeito.
* Texto originalmente publicado, com algumas modificações, em 09 de Janeiro de 2010.
5 comentários:
Russell fez um matador tão covarde que não tinha como não gostar dele! Realmente o filme é fantástico e não tinha necessidade essa demora para sua estréia. O que ouvi foi na verdade uma explicação simples, o filme fez uma péssima bilheteria nos EUA e isso impulsionou a demora por aqui (e muitos outros países imagino). Já Bastardos Inglórios foi um sucesso imediato e portanto estreou... Esse mundo de produtoras, distribuidoras, é bastante complicado.
Então, na verdade esse argumento é meio furado, porque nos EUA o filme foi lançado "colado" ao PLANETA TERROR. Ou seja, ambos foram fracassos. Mas o do Rodriguez chegou aqui em 2007...
Espero ter a chance de revê-lo no cinema, já que adorei este filme. Dou, alias, a mesma nota.
Acho que concordamos em muitos pontos relacionados ao fime do Tarantino, mas tenho que discordar de sua avaliação do Planeta terro. Cara, o filme do Rodriguez tem o mesmo senso de adrenalina e exploitation, traz o mesma carga de "filme B" e é da mesma foma delicioso. Se o Rodriguez não possui personalidade cinematográfica para imprimir em seus filmes tal como o amigo, pelo menos ele encontrou no projeto uma linha narrativa que confere ao filme um tom totalmente fiel ao projeto. A personagen da Rose McGowan com aquela metralhadora na perna é uma loucura!!!!!!!
Sim, PLANETA TERROR é totalmente fiel em espírito ao projeto GRINDHOUSE. Mas é inegável que, enquanto cinema, está muito abaixo de À PROVA DE MORTE...
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