Laís Bodanzky tem 40 anos de idade. Para descobrir essa informação, no entanto, só mesmo pesquisando sobre a diretora, pois é impressionante a capacidade quase antropológica que possui de retratar universos ligados a faixas etárias diferentes da sua. Quem assiste ao maravilhoso Chega de Saudade (2007) sem conhecer Bodanzky, acredita facilmente que ali está a mão de uma diretora experiente, já na terceira idade, a retratar com imensa veracidade uma realidade muito próxima à sua própria. E quem assiste a esse As Melhores Coisas do Mundo na mesma situação, tem a impressão oposta: Laís Bodansky deve ser uma jovem diretora, iniciante, retratando o mundo adolescente que abandonou há pouco. Assim como alcançara um olhar extremamente verdadeiro em seu filme anterior, neste novo trabalho a diretora mergulha fundo no cotidiano de jovens da classe média paulista e volta à superfície com um filme simplesmente... jovem. E por isso, também, assim como Chega de Saudade, verdadeiro do início ao fim.
Cabe uma ressalva: se seria mesmo de se esperar um grande filme a partir de uma história que tem como protagonistas pessoas marcadas (interna e externamente) pela vida, uma obra sobre adolescentes poderia facilmente cair na armadilha de ser banal e rasa, como muitos dos próprios retratados. Poderia ser uma versão fílmica de Malhação (ainda mais que até Fiuk, atual protagonista do folhetim Global, está no elenco do filme de Bodanzky), como aconteceu, por exemplo, com Podecrer! Mas As Melhores Coisas do Mundo passa longe desses problemas. Trabalha com estereótipos para revelar o quanto eles são, muitas vezes, reais, e arranca grandes interpretações de seus atores (como de costume em seu cinema, todos em cena estão bem, mas há pelo menos um desempenho verdadeiramente memorável, o do estreante Francisco Miguez). Mas o principal mérito de Laís Bodanzky, acima de todos os outros (que não são poucos), é sua capacidade de não julgar o mundo que está filmando. Foi assim nos seus dois longas anteriores, foi assim agora. Capacidade que, confesso, eu mesmo não tenho: em diversas vezes me peguei questionando as atitudes de um ou outro personagem de As Melhores Coisas do Mundo, mesmo neste texto. Bodanzky alcança a vida adulta em sua cinematografia com um filme sobre a boa época na qual ainda não precisávamos ser adultos.
Cabe uma ressalva: se seria mesmo de se esperar um grande filme a partir de uma história que tem como protagonistas pessoas marcadas (interna e externamente) pela vida, uma obra sobre adolescentes poderia facilmente cair na armadilha de ser banal e rasa, como muitos dos próprios retratados. Poderia ser uma versão fílmica de Malhação (ainda mais que até Fiuk, atual protagonista do folhetim Global, está no elenco do filme de Bodanzky), como aconteceu, por exemplo, com Podecrer! Mas As Melhores Coisas do Mundo passa longe desses problemas. Trabalha com estereótipos para revelar o quanto eles são, muitas vezes, reais, e arranca grandes interpretações de seus atores (como de costume em seu cinema, todos em cena estão bem, mas há pelo menos um desempenho verdadeiramente memorável, o do estreante Francisco Miguez). Mas o principal mérito de Laís Bodanzky, acima de todos os outros (que não são poucos), é sua capacidade de não julgar o mundo que está filmando. Foi assim nos seus dois longas anteriores, foi assim agora. Capacidade que, confesso, eu mesmo não tenho: em diversas vezes me peguei questionando as atitudes de um ou outro personagem de As Melhores Coisas do Mundo, mesmo neste texto. Bodanzky alcança a vida adulta em sua cinematografia com um filme sobre a boa época na qual ainda não precisávamos ser adultos.
Laís Bondanzky
2 comentários:
Os elogios estão intimidantes. Estou doido para assisti-lo.
Seu texto evidenciou o foco do filme, ainda preciso ver, ele tem recebido boas críticas e isso fortalece meu interesse.
Abraço, sumido!
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