segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

No cinema: Crepúsculo

[crepúsculo]

Crepúsculo
Twilight, 2008
Catherine Hardwicke

Pode parecer mera implicância, por se tratar de um fenômeno (tanto literário quanto cinematográfico) entre o público jovem, mas a verdade é que Crepúsculo é um filme, no máximo, razoável (não posso falar do livro, do qual preferi passar longe, mas, ao se observar a história que o longa conta, é pouco provável que a versão literária seja muito melhor). Dirigido pela cada vez pior Catherine Hardwicke (que estourou com Aos Treze, e acabou se entregando a um cinema mais convencional, como a bomba Jesus - A História do Nascimento), o filme é de covardia e simplismo impressionantes.
No fundo, Crepúsculo é um tradicional romance adolescente, com uma protagonista deslocada, nova na cidade e no colégio, e que acaba se apaixonando por um sujeito encantador, ainda que misterioso (talvez a única ressalva que mereça ser feita aqui é o fato de o filme, e, imagino, também o livro, não apelarem para o velho clichê da protagonista sendo rejeitada pelos alunos de sua nova escola, já que aqui a personagem de Kristen Stewart se torna a queridinha da turma desde sua chegada). A diferença, é que esse é um romance adolescente com vampiros. E como esses seres costumam despertar imenso fascínio em todos nós, essa mistura entre mitologia dos vampiros com o clima de romance jovem acabou alcançando um imenso sucesso com o público adolescente. E é aí que mora o maior problema de Crepúsculo: justamente por ser explicitamente voltado para os mais jovens, o filme não demonstra um pingo de ousadia. A história é batida, extremamente previsível, os personagens se resumem a estereótipos e as cenas com os vampiros são, paradoxalmente, quase completamente ausentes de sangue. Sem contar o elenco, bastante inexpressivo, a começar pelo casal de protagonistas, que não consegue criar o mínimo de empatia com o espectador (ainda que a bela Stewart esteja ligeiramente melhor em cena do que Robert Pattinson, que definitivamente ainda tem muito a melhorar como ator).
Contando ainda com um trio de vilões que beiram o ridículo, e que entram em cena somente para criar alguma ação na história de amor entre Bella e Edward, mas que acabam por piorar ainda mais as coisas (ainda mais se levarmos em conta a maneira como é construído o personagem James, que acaba se tornando o principal vilão da trama, e que simplesmente não tem nenhuma razão para agir da maneira como age, sendo mesmo apenas uma desculpa para o personagem de Pattinson demonstrar seus atributos e para a Bella de Stewart ser colocada à mercê de alguma ameaça), Crepúsculo é um filme que até funciona como uma diversão descompromissada, para se assistir numa tarde ociosa. Mas, para quem ao menos passou perto de filmes mais sérios com vampiros como protagonistas (como, por exemplo, Entrevista com o Vampiro, ou Drácula de Bram Stoker), esse aqui é simplesmente uma grande bobagem.

Um comentário:

Rafael Carvalho disse...

Esse filme é uma verdadeira porcaria, bem adolescente, bem bobo, sem muita importância e bem Malhação. As cenas de "confronto" entre os vampiros são constrangedoras!