Definitivamente, a tarefa
de O Espetacular Homem-Aranha não é fácil: reiniciar uma franquia
cinematográfica que, encerrada há apenas cinco anos, fincou raízes no
imaginário popular, mesmo que seu último filme não seja exatamente um primor de
realização. E ainda que o resultado alcançado por Marc Webb, diretor do ótimo (500) Dias com Ela, seja satisfatório, a sombra dos filmes de Sam Raimi parece pairar sobre seu
trabalho.
Nesse sentido, por mais
que Andrew Garfield seja um ótimo ator e abrace com competência a proposta de
apresentar Peter Parker como um adolescente moderno e tímido, Tobey Maguire e
seu retrato caricatural, mas cativante, do personagem continuam como referência incontornável. Por mais que o roteiro de James Vanderbilt, Alvin Sargent e
Steve Kloves se proponha a ser mais fiel aos quadrinhos, trazendo Gwen Stacy
(Emma Stone, num bom desempenho) como o primeiro amor de Parker, a Mary Jane de Kirsten Dunst faz falta. Por mais que exista uma tentativa de
respeitar certa mitologia do Homem-Aranha, trazendo vilões clássicos,
interligando-os e deixando pistas para possíveis continuações, é difícil acreditar realmente que Webb conseguirá substituir à altura o Duende Verde de
Willem Dafoe e, principalmente, o Dr. Octopuss de Alfred Molina – e a própria
composição do Lagarto (Rhys Ifans) como um vilão genérico representado uma
ameaça genérica ao herói e à cidade de Nova York alimenta essa descrença.
Conclusões possíveis: ou Raimi e Maguire
criaram algo verdadeiramente icônico, difícil de ser esquecido e superado (o
que não é nenhum absurdo de se pensar quando levados em conta apenas os dois
primeiros filmes da trilogia); ou simplesmente ainda é cedo demais para o
cinema recontar a história do Homem-Aranha. Não que a Marvel – interessada
tanto em retomar uma franquia lucrativa por si só quanto em trazer de volta um
de seus maiores personagens para provavelmente inseri-lo numa continuação do
megassucesso Os Vingadores – se importe realmente com isso.