10- Uma Mente Brilhante derrota O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel no Oscar 2002
O drama biográfico bem construído, mas cheio de clichês, dirigido por Ron Howard frustrou meio mundo ao derrotar o primeiro filme da trilogia O Senhor dos Anéis. Ao invés de premiar o filme do momento, aquele do qual todos estavam falando, a Academia preferiu o tradicionalismo de Uma Mente Brilhante. A chance de se redimir com o gênero aventura foi perdida - adiada, na verdade, até a vitória de O Retorno do Rei, dois anos depois.
9- O Discurso do Rei derrota A Rede Social no Oscar 2011
Precisa falar alguma coisa?
8- Chicago derrota Gangues de Nova York no Oscar 2003
Chicago é um musical bacana. Mas bateu de frente com a potência em forma de filme chamada Gangues de Nova York, um retorno furioso de Martin Scorsese ao centro das atenções em Hollywood. A Academia, entretanto, preferiu celebrar um suposto retorno dos grandes musicais - que, verdade seja dita, nunca aconteceu. Uma pena, ainda mais se lembrarmos que, além da obra-prima de Scorsese, também concorria a melhor filme o belíssimo e doloroso O Pianista, de Roman Polanski.
7- Conduzindo Miss Daisy derrota Nascido em 4 de Julho no Oscar 1990
Esse é um daqueles casos que, olhando com distanciamento temporal, fica difícil entender o porquê de ter acontecido. Conduzindo Miss Daisy é um drama nobre, bonitinho, com dois protagonistas excelentes. Mas, naquele ano, Oliver Stone havia acertado novamente com um arrasador filme sobre um ex-combatente do Vietnã que, paraplégico, passa por um processo de auto-conscientização acerca do significado da guerra. Tom Cruise entregou o desempenho de sua carreira, mas deu o azar de concorrer com Daniel Day-Lewis por Meu Pé Esquerdo. Tudo bem, derrota compreensível. Mas Nascido em 4 de Julho merecia o prêmio principal. Era o filme dramaticamente mais impactante do ano (e um dos melhores da década). Mas, novamente, o conservadorismo chato da Academia marcou presença.
6- Shakespeare Apaixonado derrota O Resgate do Soldado Ryan no Oscar 1999
O Oscar 1999 foi provavelmente o mais bizarro de todos os tempos. Roberto Benigni levou melhor ator, Gwyneth Paltrow melhor atriz, A Vida é Bela filme estrangeiro, e, para coroar a bizarrice, Shakespeare Apaixonado foi eleito o melhor filme. Na verdade, O Resgate do Soldado Ryan nem era o melhor dentre os indicados, afinal, a obra-prima Além da Linha Vermelha estava presente, de forma surpreendente. Mas a indicação de Terrence Malick era muito mais uma homenagem ao seu retorno, e seu filme não tinha chances reais de ser premiado. Já o poderoso drama de guerra de Spielberg estava no páreo - era, na verdade, o natural favorito. Porém o poder do marketing agressivo da Miramax emplacou novamente, e a criativa comédia romântica de época dirigida por John Madden (quem?) acabou vencedora.
5- Rocky derrota Taxi Driver no Oscar 1977
A vitória de Rocky sobre Taxi Driver é o tipo de coisa que não dá para levar muito a sério. Tudo bem que o primeiro filme sobre o boxeador que definiu a carreira de Stallone não é ruim - é bem menos ofensivo que suas continuações -, e tem lá seus méritos. Mas Taxi Driver... bem, ao invés de me deter nas qualidades dessa obra-prima de Scorsese (mais uma!), vou lembrar que, no Oscar 1977, também estavam indicados a melhor filme os excelentes Rede de Intrigas e Todos os Homens do Presidente.
4- Carruagens de Fogo derrota Reds no Oscar 1982
É bem provável que quase todo cinéfilo ache que o verdadeiro merecedor do Oscar de melhor filme nesse ano era Os Caçadores da Arca Perdida. Também adoro o primeiro filme de Indiana Jones, que considero como uma das melhores aventuras da história do cinema. Mas o maior injustiçado pela vitória inexplicável de Carruagens de Fogo em 1982 é mesmo o drama épico-histórico Reds, dirigido por Warren Beatty. Grandioso, comovente, apaixonante, o filme de Beatty poderia tranquilamente ter sido comandado por David Lean, pois não faz feio ao lado de seus mais célebres épicos (Lawrence da Arábia e Dr. Jivago, por exemplo). E Carruagens de Fogo? Bem, o prêmio de melhor trilha sonora para a inesquecível música-tema de Vangelis já estaria de bom tamanho.
3- Kramer vs. Kramer derrota Apocalypse Now no Oscar 1980
É difícil acreditar que um dos maiores clássicos do cinema norte-americano perdeu o Oscar de melhor filme para um drama familiar que narra a disputa de um casal pela guarda de seu filho pequeno. Tudo bem que eram Dustin Hoffman e Meryl Streep que interpretavam os protagonistas - e celebrar as atuações de Kramer vs. Kramer era algo totalmente aceitável. Mas esnobar um filme do porte de Apocalypse Now é coisa de louco mesmo. Talvez a Academia considerasse que Coppola já havia sido premiado demais...
2- Crash derrota Brokeback Mountain no Oscar 2006
Essa é uma injustiça bem mais recente, mas que entrou para a História. Sou daqueles que sentiram vontade de quebrar a televisão quando Jack Nicholson anunciou a vitória de Crash. Mesmo se o bom drama de Paul Haggis não tivesse todos os problemas que tem, a derrota de Brokeback Mountain seria injustificável. Faltou timing à Academia, que deixou de premiar o filme mais celebrado, comentado e importante do ano (e da década, talvez), para tentar, de forma meio tacanha, parecer moderna, ao escolher uma obra com narrativa fragmentada e temática séria. Soou, no fim das contas, como conservadorismo e homofobia.
1- Gente como a Gente derrota Touro Indomável no Oscar 1981
Martin Scorsese é geralmente preterido pela "bola da vez". Foi assim quando Taxi Driver perdeu para Rocky, quando Os Bons Companheiros perdeu para Dança com Lobos, quando Gangues de Nova York perdeu para Chicago. Mas nenhuma derrota foi mais injusta que essa aqui. Touro Indomável, a obra máxima do diretor nova-iorquino, o balé sangrento em preto-e-branco protagonizado por um alucinado Robert De Niro, o filme que mais amo no mundo, perdeu para um drama familiar (um pouco melhor que Kramer vs. Kramer) dirigido por Robert Redford. Gente como a Gente é um ótimo filme, na verdade. Poderia ter vencido em qualquer outro ano. Mas não naquele. Não em cima de Touro Indomável. Imperdoável.